terça-feira, 13 de janeiro de 2009

TEXT DRIVE - Percorridas 3 das 8 Etapas do “Portugal de Ponta-a-Ponta -(PPP)”
O projecto PPP supra mencionado prevê a ligação off-road entre os dois extremos do nosso Portugal (Rio de Onor e Ponta de Sagres), dividindo-se o percurso em 8 etapas.
1ª – Rio de Onor - Carviçais
2ª – Carviçais - Gonçalo
3ª – Gonçalo - Lousã
4ª – Lousã - Ponte de Sôr
5ª – Ponte de Sôr - Évora
6ª – Évora – Serpa
7ª - Serpa – Odeceixe
8ª – Odeceixe - SAGRES

Havendo um compromisso de grupo em testar previamente o traçado do PPP, este foi precipitado por iniciativa do nosso amigo Rui Cunha, que de surpresa se apresentou de peito aberto para esse teste.
Quase em simultâneo a ele se juntaram mais dois, o Jorge Barros e eu próprio (Paulo Mesquita).
Chegou o dia,... e à hora marcada bem perto da data de iniciar o nosso projecto, o nosso “desencaminhador” Rui Cunha fica imobilizado por questões de saúde.
Como costumo dizer “depois da tenda armada, tem de haver circo”. Assim foi, arranjamos 3 dias para efectuar 3 das 8 etapas previstas do PPP.
Posso dizer que começou muito bem, já que o jantar de véspera em GIMONDE (Bragança) deixava antever um bom augúrio do terreno que íamos encontrar.


Posto isto, vamos então à descrição das etapas:



Depois de pernoitar em Rio de Onor e ainda não eram 9:00 horas e já estávamos nós preparados par iniciar a nossa aventura off-road, com a assistência familiar a registar o momento da partida.
A chuva e o frio marcavam as nossas memórias e os nossos agasalhos. Máquinas a postos rumo apontado e lá vamos nós. Ao final de alguns Kms a apalpar terreno, regelados chegamos à primeira aldeia do nosso percurso onde registamos o nome do café ali existente “CARETOS” para retemperar forças com um cafezinho quente.
Já mais reconfortados, a nossa mira apontava agora para Bragança já que um dos primeiros problemas que nos preocupava era a falta de combustível. Sem grandes percalços encontramos em Bragança as bombas de combustível para o nosso primeiro reabastecimento. Estando em Bragança e depois de várias voltas, não tivemos outra alternativa se não fazer alguns Kms no IP4 para entrar no nosso percurso mais adiante.
Começamos então a subir para a zona de Nogueira - Bragança e a sentir na pele os efeitos do clima agreste do interior transmontano. Muito frio e pouca visibilidade acompanharam-nos durante vários Kms, escondendo-nos as magníficas paisagens a que teríamos direito, caso o céu estivesse limpo.
Das poucas aldeias que fomos passando tentávamos, sem êxito, encontrar alguma casa que servisse algo quente,…nada feito. Outra alternativa não restava se não continuar no carreiro rumo a sul e encarar o desconforto do frio como o sofrimento necessário. Foi preciso chegar bem perto da barragem do Azibo para vislumbra o céu limpo a desnudar paisagens virgens, pelo menos para nós (porque naquele dia ainda não lhe tínhamos posto os olhos em cima). Aproveitamos a barragem para efectuar o registo fotográfico e posicional logístico com as nossas MARIAS de apoio. A verdade é que já tinham chegado ao repasto e a nós ainda nos faltavam uma vintena de kms. Foi altura de fazer gosto ao punho serpenteando as margens da barragem, em cima de um piso magnífico e delicioso que nos permitia dar asas à imaginação, desafiando a gravidade.
Com a chuva quase sempre a marcar presença chegamos a Peredo onde se situava o restaurante, o ambiente deixava antever um bom repasto. Assim foi, cabrito para todos e ninguém se arrependeu. Estando em Peredo quisemos aproveitar para visitar o SPA da moda ao ar livre em Alfandega da Fé.
Embora não fizesse parte do nosso percurso lá fomos ver as instalações mais vanguardistas daquela zona. Infelizmente para nós a neblina não permitia ver mais que poucos metros impedindo-nos de apreciar as belas paisagens existentes. Terminada a visita a meteorologia era implacável não dando tréguas, sendo assim optamos por transportar as máquinas em atrelado até à nossa pernoita em Carviçais onde chegamos cerca das 19:00 horas. Mal poderíamos chegar para usufruir de todo o conforto das instalações com um respectivo banho quente reconfortante. Antes disso foi tempo de guardar as máquinas de duas rodas em garagem apropriada pois já tinham 190 kms no pelo. Confesso que chegada a hora de jantar ainda acusava as consequências das várias etapas gastronómicas que já tínhamos degustado. Para mim a sua dureza superava a dureza do próprio terreno off-road em cima da burra. Até aqui nota bastante positiva para máquinas e pilotos a apresentarem-se na perfeição.
Após uma noite de bom descanso, às oito da matina do dia seguinte já eu e o Barros nos apresentávamos ao pequeno-almoço para traçar qualquer coisa. Óleo nas correntes e lá vamos nós para o cumprimento da segunda etapa (Carviçais - Gonçalo).
Como no dia anterior devido ao mau tempo, não tínhamos percorrido toda a etapa off-road o amigo Barros entendeu e bem que deveríamos ir emendar a respectiva. Assim lá fomos nós no sentido norte cumprir o percurso em falta e...valeu a pena.
Estávamos em plena zona de Torre Moncorvo com paisagens memoráveis percorridas pelos socalcos das oliveiras, subimos ao ponto mais alto para vislumbrar Picões por onde a caravana poderá passar. Estávamos então satisfeitos pelo dever cumprido. Dali não tivemos outra alternativa se não voltar a Felgar para rumar a Sul. Por ali fomos improvisando, sempre fora de estrada, até que encontramos o percurso, muito agradável de percorrer devido à sinuosidade dos trilhos.
O nosso próximo objectivo seria chegar a Barca D’Alva. Como já há muito tempo não apanhávamos chuva J…, começou a cair novamente impiedosa e fria com algum granizo à mistura. Entramos em asfalto para percorrer cerca de 15 kms até ao nosso ponto de paragem. A chuva abrandava em simultâneo com a nossa chega ao Douro Internacional. Uma vista imponente, magnífica e calma com direito a saboreá-la por alguns momentos efectuando o respectivo registo fotográfico.
Dali descemos mais um pouco e estávamos em Barca D’Alva onde fomos reconfortar o corpo e a alma com um Portinho da região servido “come il faut”. Depois de tratarmos de nós era tempo de pensar em dar de beber às “burrinhas” e ali gasolina é coisa que não há, só vinho.
O mais perto para nós era Escalhão e para lá fomos direitinhos. Já começávamos a fazer contas para o almoço pois as nossas Marias da logística já estavam em Almeida à procura de restaurante. Nós ainda tínhamos que passar e visitar Figueira de Castelo Rodrigo. Apesar de cumprirmos a visita a nebulosidade não permitia visualizar quase nada.
Dali até Almeida foi rolar e quase boiar algumas vezes por água e lama quanto baste, chovia copiosamente. Almeida à vista e a barriga também a dar horas. O restaurante do Castelo previamente eleito estava fechado para nosso galgo, a alternativa apesar de tudo não foi má, GRANITO seu nome, também nos serviu muito bem.
Barriguinha cheia, vestes enxutas, máquinas atestadas e lá vamos nós num Saltinho até Vilar Formoso, deu para aconchegar o almoço. A partir de Vilar Formoso a meteorologia parecia agora dar-nos algumas tréguas o que tornava as coisas bem mais divertidas. O piso do trilho era bastante bom e as paisagens vistosas. Descemos todo o monte até chegarmos à Bacia Hidrográfica do Rio Côa em S. Miguel que tínhamos de transpor. Vislumbrei uma pequena passagem em pedra com cerca de 0,60 m de largura e precipitei-me a atravessá-la.
Já ia a meio e apercebi-me que não tinha sido uma boa opção, pois para além de estreita as pedras estavam muito escorregadia, para além disso não havia saída à vista. Apressei-me em avisar o Barros para não passar, já ele estava em perigo eminente não conseguindo segurar a frente da sua Suzuki DR. Larguei a minha moto no descanso e corri para lhe segurar o guiador, felizmente correu bem. Tínhamos acabado de passar pela nossa primeira e única experiencia de situação de perigo eminente.
Para o final desta etapa em Gonçalo ainda teríamos que passar pela Guarda. Embora o nosso objectivo fosse o de fazer o percurso fora de estrada, a verdade é que até à Guarda foi quase sempre em asfalto. A partir daí passámos novamente para fora de estrada até Gonçalo. O trilho e o piso convidavam a dar gosto ao punho, muita diversão até à casa do Barros em Gonçalo, onde passamos a noite. Não sei antes jantarmos coelho bravo no restaurante da Lurdes.
Restava-nos percorrer a nossa última etapa Gonçalo-Lousã, que iria passar pelo ponto mais elevado de Portugal Continental (Nave da Torre) – Serra da Estrela.
O sol brilhava mas o frio fazia-se sentir, à medida que ia-mos subindo aumentava.
Foi já ao chegar à Senhora da Serra que vimos neve pela primeira vez, sendo que a Torre estava completamente coberta por um manto branco.
Como tínhamos combinado com um o amigo Jorge que nos haveria de levar por Piódão até ao nosso almoço em Fajão, saímos do trajecto previamente estipulado para o encontrar em Vide.
Dali percorremos em asfalto a ligação até Piódão, aldeia lindíssima engalanada no vale fazendo lembrar um presépio. A manhã estava lindíssima com um sol de inverno apetitoso.
Até à aldeia de Fajão tivemos de andar bastante ora fora de estrada ora em asfalto muito sinuoso. Já o relógio apontava uma e meia quando chegamos a Fajão terra de histórias magnificas e do Museu Monsenhor Nunes Pereira e. Esperamos um pouco mais e as nossas respectivas esposas lá chegaram com os atrelados terminando ali a sua tarefa na logística.
O restaurante é o único que existe naquela aldeia e não desilude, designado “Juiz de Fajão” serve muito bem. Para terminar também as nossas etapas gastronómica não poderíamos terminar melhor com um prato de cabrito à moda serrana divinal.

Bom, e da nossa viajem pouco mais haveria para contar, resta-me agradecer à boa companhia do Jorge Barros e à logística personificada pela Sãozinha, Ducha e Tiago.