quinta-feira, 22 de outubro de 2009

PPP ECOLÓGICO E AMBIENTALISTA: O LOBO IBÉRICO.


PPP ECOLÓGICO E AMBIENTALISTA: O LOBO IBÉRICO.
O Portugal de Ponta a Ponta – P.P.P. – abraça este ano de 2009 uma convicção ambientalista e ecológica que deu cunho à grande aventura levada a cabo entre os dias 24 de Abril e 3 de Maio de 2009: o lobo ibérico.
Disso mesmo já tínhamos dado conta no press release antecedente ao projecto e difundido pela imprensa em Abril de 2009. O “Portugal-de-Ponta-a-Ponta” é uma organização ad hoc de aficionados ambientalistas do motociclismo que realizam encontros há já vários anos. Além das preocupações ambientalistas, o grupo tem preocupações etnológicas, culturais e gastronómicas do nosso Portugal. Difundem as suas preocupações junto das comunidades locais, senibilizando-as para a preservação cultural e para o ambientalismo. Um dos objectivos é a preservação do Canis lupus signatus, vulgarmente conhecido por lobo ibérico e onde apenas 300 espécimes habitam na região norte de Portugal.
A ideia será dar continuidade do projecto, chamando a si novas preocupações e difundindo-as pelos locais de passagem, que podem ir desde a raça asinina de miranda, vulgarmente designada do burro mirandez, até à sensibilização para a necessidade de preservar e manter as espécies de fauna e flora em extinção no arquipélago da Madeira e dos Açores.

Desta feita e continuando com o Canis lupus signatus até final do ano transcrevemos uma notícia da Lusa, de 14 de Outubro de 2009, pela importância que para nós se revela.
Transcrevemos:
“Sul do Douro
Parque eólico ameaça alcateia de lobos ibéricos
O último reduto do lobo ibérico a sul do Douro pode estar ameaçado pela construção de um parque eólico na zona onde vive a alcateia de Leomil, a mais importante e estável desta região do país.
"Pode ser um golpe muito grave para a população de lobos a sul do Douro", alertou um dos investigadores que tem acompanhado esta alcateia nos últimos anos, frisando que "a construção deste parque eólico é um ataque ao seu último reduto".
Em causa está a sobrevivência da alcateia de Leomil, que vive numa zona isolada, tranquila e quase sem acessos, que será radicalmente transformada com a instalação do Parque Eólico do Douro Sul, com 103 aerogeradores.
Segundo os investigadores, a construção deste parque afectará "mais de 60 por cento do território da alcateia", incluindo centros de actividade e o local de reprodução, o que pode colocar em causa a sua sobrevivência.
Esta alcateia, enquanto fonte de animais dispersantes, assume também relevância na manutenção da população de lobos na região, pelo que poderá ser também colocada em causa a sobrevivência de toda a população desta espécie a sul do Douro, que já se encontra "isolada e ameaçada".
O lobo é uma espécie prioritária para a conservação segundo a Directiva Habitats, da União Europeia, além de estar classificado em Portugal como espécie 'em perigo de extinção'.
A legislação nacional proíbe o abate e a captura de lobos, mas também a destruição ou deterioração do seu habitat e a sua perturbação, nomeadamente durante o período de reprodução.
A população de lobos existente a sul do Douro é muito reduzida, apresenta um nível elevado de fragmentação e possui um pequeno efectivo reprodutor, pelo que se caracteriza por uma grande instabilidade populacional.
A mais importante e estável alcateia desta região vive na Serra de Leomil, que, apesar de ser um dos últimos redutos do lobo, não possui qualquer estatuto especial de protecção.
Os investigadores que têm estudado a alcateia de Leomil nos últimos anos confirmaram uma elevada taxa de reprodução, pelo que a consideram como a mais estável de toda a região a sul do Douro.
Os estudos indicam que a alcateia, ao longo de todo o ano, ocupa de forma homogénea e contínua a Serra de Leomil, entre Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva, onde foram identificados dois centros de actividade.
O principal é a 'Ribeira dos Cubos', onde foi confirmada reprodução em Agosto de 2008, sendo considerado o local mais importante para a conservação da alcateia.
A 'Corga do Redondelo' é o centro de actividade secundário, tendo sido local de reprodução em anos anteriores até que um incêndio, em Agosto de 2005, destruiu a vegetação e a zona deixou de ter condições para albergar a alcateia com as suas crias.
Para os investigadores, a protecção destes dois centros de actividade é prioritária, já que se trata de zonas importantes para a preservação do lobo na Serra de Leomil.”
.
Associações ambientalistas como a QUERCUS e a FAPAS admitem apresentar queixa contra o governo português na União Europeia, contestando a construção de um parque eólico que pode colocar em causa a sobrevivência da mais importante alcateia a sul do Douro.
Dizem que:
"Somos favoráveis às energias renováveis, mas não a qualquer custo", afirmou Samuel Infante, da QUERCUS, frisando que as medidas de minimização do impacto do parque eólico que foram propostas "não são suficientes" para proteger os lobos da alcateia de Leomil.
Nesse sentido, alertou que "a alcateia vai ser afectada" com a construção do Parque Eólico do Douro Sul, na Serra de Leomil, que prevê a instalação de 103 aerogeradores.
Por seu lado, Miguel Dantas da Gama, do FAPAS, admitiu que a situação "é preocupante", frisando que "a importância da energia eólica não pode ser argumento para instalar parques em todo o lado".
"Estamos a falar de uma zona onde está confirmada a presença do lobo, de uma zona muito importante para a sua preservação", afirmou.
A importância desta alcateia levou o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) a emitir um parecer contra a construção do parque eólico na Serra de Leomil.
O parecer admite que a construção deste parque eólico pode iniciar de "forma irreversível" o processo de extinção do lobo ibérico a sul do Douro, salientando o "papel determinante" que a alcateia de Leomil desempenha na sobrevivência do lobo naquela região.
Na sequência do processo, a Secretaria de Estado do Ambiente pediu um parecer científico, que também foi contrário à instalação do parque eólico.
A 6 de Outubro, em sentido contrário ao parecer do ICNB, a Secretaria de Estado do Ambiente decidiu autorizar a construção do parque, ainda que com alguns condicionamentos, nomeadamente a criação de zonas de exclusão nos centros de actividade da alcateia.
Os condicionalismos impostos vão implicar uma redução substancial do projecto, mas os especialistas receiam que o impacto negativo sobre a população da alcateia ainda coloque em risco a sua sobrevivência.
A alcateia de Leomil, cujos centros de actividade e locais de reprodução estão identificados pelos investigadores, é considerada um dos grupos reprodutores mais estáveis e importantes para a viabilidade da população de lobos a sul do Douro.
Por esse facto, em 2002, o Grupo Lobo propôs que esta zona do país fosse declarada como Sítio Rede Natura 2000, o que não se veio a concretizar.
".

Deixamos aqui o nosso alerta e preocupação para todos aqueles que estão em contacto com as nossas ideias e o com o projecto.
by RMC
Reservados os direitos de autor.

sábado, 10 de outubro de 2009

PORTUGAL DE PONTA A PONTA

PORTUGAL DE PONTA A PONTA

O TERMO DE UMA AVENTURA DE SOLIDARIEDADE E AMBIENTALISMO



Entre os dias 24 de Abril e 3 de Maio de 2009, realizou-se a 1.ª Edição do “Portugal-de-Ponta-a-Ponta”, designado de P.P.P.

A prova decorreu em Portugal continental, desde Rio de Onor à Ponta de Sagres e contou com 1351 Km percorridos em toddo o terreno, dos quais os participantes efectuaram percursos em hard road, soft road e asfalto.
Dividida em oito etapas com uma cadência média diária de 163 Km, o Portugal de Ponta a chegou ao fim com os objectivos propostos para esta primeira edição cumpridos.
Os participantes difundiram as suas preocupações junto das comunidadaes locais, entidades privadas e autarquias, senibilizando-as para a preservação cultural regional e para o ambientalismo, nomeadamente a preservação do lobo ibérico como divisa abraçada pelo grupo para este ano. A cultura local foi registada pela Sociologa que acompanhou o grupo, Dra. Paula Barros.

A PRIMEIRA ETAPA
Na primeira etapa desde Rio de Onor até Carviçais registou-se uma inter-acção forte com a comunidade local de Rio de Onor, hábitos e costumes, nomeadamente a influência do dialecto lionês no dialecto rionês.

Rio de Onor é uma aldeia formada por dois focos populacionais – um espanhol e um português – separados pela fronteira política, mas unidos pela mesma cultura e dialecto. Esta povoação, a que os rionorenses chamam al lugar, está efectivamente dividida em dois núcleos situados dos dois lados da fronteira e distantes um do outro cerca de 150 metros. A aldeia espanhola é conhecida por Rihonor de Arriba e a portuguesa por Rihonor de Abajo, visto ficar uma a montante e outra a jusante do rio Contensa. A circunstância de estas aldeias gémeas estarem separadas obrigou necessariamente a uma relativa diferenciação, visto que os habitantes de uma ou de outra aldeia são obrigados a estabelecer, respectivamente, contactos com as povoações vizinhas, autoridades e centros administrativos de um e de outro país. São assim inevitáveis as aculturações espanhola e portuguesa entre ambas. Trata-se, portanto, de uma comunidade híbrida, que se presta de maneira invulgar para fazer um estudo de contactos de duas áreas culturais. Assim, poderemos concluir que o dialecto rionorense é um português muito antigo e muito modificado pela influência Castelhana.
O grupo bebeu e apercebeu-se desta realidade híbrida que dia e noite a muitos agradou, no encalço de placas de sinalética informativa.

Mas importa saber como é que este “dialecto leonês” se fixou nesta região transmontana à semelhança do que também aconteceu em “Terras de Miranda”. Adoptaremos aqui a perspectiva do Prof. Herculano de Carvalho, por nos parecer muito rigorosa e bem fundamentada de acordo com a realidade que ainda hoje nos é possível constatar. O território português que hoje corresponde, grosso modo, ao actual Nordeste Transmontano terá pertencido ao domínio Leonês cuja sede seria a Sé de Astorga. Não há dados muito concretos, que nos digam por quanto tempo foi exercido este domínio, mas é óbvio que ele terá sido o motivo do estabelecimento de dialectos leoneses nesta região, pela sua proximidade geográfica e também pelo isolamento desta região em relação ao resto do país, o que proporcionava um maior contacto com as vizinhas terras de Leão, sobretudo com os povos de Aliste e de Saiago e que permitem explicar a conservação e influência daquele dialecto leonês. Assim, facilmente compreendemos como foi fácil ao dialecto leonês instalar-se neste recanto nordestino que tenazmente foi persistindo contra todas as inovações até atingir a situação em que hoje se encontra: o rionorês, isto é, o leonês falado em Rio de Onor, constitui uma ilha linguística encravada entre o português e o castelhano. Há portanto uma fusão entre duas línguas e como consequência dessa fusão, o rionorense é normalmente plurilingue. De referir ainda que o português, falado também nesta localidade é um português antigo. Talvez possamos até referir aqui “um falar transmontano”. Diz-nos Daniel Rodrigues, um estudioso desta região, por dela ser natural, que: “O português do séc. XIV não existe só nos documentos literários desse período, não é uma língua morta; essas formas filológicas ouvem-se ainda hoje pronunciar, como documentos vivos de um passado remoto, na povoação raiana e sertaneja de Rio de Onor”.

Já Carviçais demonstou ser um verdadeiro monumento de acolhimento a esta caravana.
Diz o povo que a estrada real, proveniente das Beiras através da Barca do Pocinho, passando por Moncorvo em direcção a Miranda do Douro, não tinha, no percurso de sete léguas, entre Moncorvo e Fornos, qualquer albergue que desse abrigo aos viajantes que a utilizavam. Por essa razão, uma família, na mira de angariar proveitos para a sua subsistência, escolheu nesta via, o ponto apropriado, mais ou menos equidistante entre as duas localidades, e aqui implantou uma estalagem. Esta estalagem, devido à sua posição estratégica e riqueza, foi atracção para outras famílias que aqui se instalaram, dando expansão ao lugar, que cresceu até à sua emancipação, ao desligar-se, na altura própria, do cordão umbilical que a unia à sua progenitora, a antiga vila de Mós, que lhe cedeu o termo. Nascia, então, por volta da nacionalidade, como lugar de Mós, Carviçais, que seria elevada a freguesia com “a lei do povoado” no reinado de D. Sancho I. Situada a cerca de 15 km de Torre de Moncorvo é formada, para além da aldeia de Carviçais, por mais cinco povoados: Macieirinha, Martim Tirado, Pereiras, Peladinhas e Nogueirinha. Actualmente, Carviçais, possui 865 residentes, segundo os dados provisórios do Censos 2001, dos quais 10% são crianças e jovens, correspondendo 45% à percentagem de adultos em idade activa. Relativamente aos idosos, representam 45% da população local.
São variadas as formas gráficas do nome da povoação e também as opiniões sobre a procedência etimológica. Aparece nas formas: Carviçães, Caraviçães, Carvoiçais, Carviçaes, Carviçais e outras. É a voz corrente que o Abade Tavares dizia que Carviçais teve origem na palavra “Carviços”, que em latim popular significava “touça de carvalhos rasteiros”. Abundavam os carvalhos, e de muitos “Carviços”, - Carviçales – proveio o nome de Carviçais. Se é verdade que o termo Carviçais foi densamente povoado de carvalhos, não o foi menos, em resíduos de fornos de fundição chamados carvoiços, que, colectivamente, deram Carvoiçais e posteriormente Carviçais. Embora, nestas duas opiniões, o radical das palavras em causa, seja o mesmo, dizem alguns entendidos que Carviçais como nome de povoação, teve origem em Carvoiços (de carvalhos rasteiros).
A agricultura apoiada pela pecuária (cerca de 40 rebanhos) continua a ser um dos factores de subsistência de muitas da famílias da terra, especialmente nos domínios da cultura da castanha, do vinho, do cereal e do azeite.Para além da agricultura, Carviçais, possui outras actividades e estruturas de verdadeiro desenvolvimento, existindo ainda um cesteiro (em vime), um albardeiro e correeiro, um alfaiate e diversas costureiras e um ferrador. Neste momento, a freguesia conta com um sector industrial em vias de propagação, que é marcado por uma casa de cortinados, duas oficinas de mecânica e pintura de automóveis, uma serração de madeiras, uma carpintaria e uma casa de moagem de cereais, nomeadamente de farinhas.Existem também na povoação, embora desactivados, dois lagares de azeite e uma serralharia. O comércio, que, antigamente, não tinha grande expressão, oferece, actualmente, uma vasta gama de produtos aos residentes, satisfazendo quase todas as suas necessidades. Assim, a freguesia conta com quatro padarias, que fornecem diariamente pão fresco aos habitantes de Carviçais bem como dos arredores, dois talhos, várias mercearias, um supermercado com bens de primeira necessidade, duas casas de electrodomésticos e uma casa de mobílias. Ao nível de serviços, a freguesia dispõe de um posto médico, de uma farmácia, de um posto de GNR, de uma agência funerária e de uma empresa de limpeza. Quanto à acção social, os habitantes mais idosos carenciados podem contar com um centro de dia e um lar de terceira idade, com bons equipamentos e infra-estruturas de modo a auxiliá-los nas mais diversas situações e proporcionar-lhes também conforto e bem-estar.O campo escolar de Carviçais abrange vários níveis de ensino, exceptuando, o secundário e o universitário. Assim, na freguesia existem ainda, um jardim de infância, uma escola do primeiro ciclo do ensino básico e por último, um externato liceal, de nome Nossa Senhora de Fátima, que vai até ao nono ano.
As festas e romarias que, ainda hoje, se realizam na freguesia constituem uma grande parte das tradições que se vão mantendo vivas. Assim, destacam-se as realizadas em honra de Santa Bárbara, no segundo domingo de Junho e de São Sebastião, no primeiro ou segundo fim-de-semana de Agosto.Nos últimos anos, a festa do Mártir São Sebastião tornou-se a mais importante, na medida em que o povo celebra, com alegria e entusiasmo, as virtudes deste Santo que outrora foi soldado Cristão e Mártir de Jesus Cristo. Nossa Senhora da Assunção, padroeira da freguesia, é também muito venerada por todos os habitantes de Carviçais. Para além destas festas existem também outros festejos em louvor de Nossa Senhora de Fátima, realizados no primeiro, terceiro e quarto fins-de-semana do mês de Maio, nas povoações anexas da freguesia: Macieirinha, Martim – Tirado e Estrada.
Carviçais é uma freguesia bastante rica no que diz respeito a tradições de índole cultural. Contudo, o seu desaparecimento tende a acontecer, não fora a boa vontade de muitos em preservá-las. É assim com os trajes típicos e as danças, que têm vindo gradualmente a cair no esquecimento da população. No entanto, relativamente aos cantares, nos últimos tempos a Banda Filarmónica de Carviçais, constituída por 50 pessoas, tem feito um esforço de recolha e divulgação dos mesmos, de forma a serem perpetuados ao longo dos tempos. As tradições relacionadas com os jogos típicos também vão sendo mantidas, graças às várias associações existentes na freguesia, que procuram a todo o custo preservá-los bem como reforçar valores de sociabilidade. Assim, os jogos mais característicos de Carviçais, que se jogam aos domingos, nomeadamente, no mês de Julho são: A Raiola, o Ferro, a Malha e o Cântaro.
Contra tudo e todos, nesta freguesia o artesanato está bastante vivo e recomenda-se. A cestaria, a alfaiataria, a latoaria, as rendas e os bordados compõem o ramalhete de artes e ofícios. Apenas o fabrico artesanal de brinquedos, à semelhança do que acontece um pouco por todo o país, está a diminuir gradualmente.
Nos restaurantes de Carviçais é possível saborear os mais diversos pratos da região, sendo de destacar a posta à Mirandesa e o cabrito assado. Para acompanhar estes deliciosos pratos recomenda-se o vinho branco ou tinto produzido pelos habitantes da freguesia. Para terminar a refeição, são inúmeros os doces e as sobremesas propostas, destacando-se os sonhos, os económicos, o pão-de-ló e o arroz doce.

A SEGUNDA ETAPA

A segunda etapa realizou-se entre Carviçais e Gonçalo.
A Vila de Gonçalo, geograficamente entalada entre a Beira-Alta e a Beira-Baixa, desenvolveu desde há muito uma estreita ligação com o artesanato em verga e vime. Em finais do século XIX, a cestaria tomava já a forma de pequena indústria, produzindo cestos sob a forma de utilitários para uso doméstico e também comercial. No Inicio do século XX, cesteiros Gonçalenses encontravam-se espalhados pelo País e também por Espanha, muitos concentraram-se em Vigo onde exerceram a profissão de cesteiros, vindo a dar nome a uma rua “Calle dos Cesteiros”. As novas gerações de Gonçalenses iniciavam a aprendizagem da arte muito cedo, prolongando-a por toda a sua vida. Em 1885 é regulamentado pelo delegado escolar da freguesia, o horário do exercício escolar de forma a conciliar a aprendizagem das letras e dos números, com a aprendizagem dos cestos. A forma dos cestos andou sempre de mãos dadas com a função. Assim evoluiu a cestaria em Gonçalo. As mãos ágeis e sensíveis dos artesãos, souberam sempre criar um produto que desse resposta a uma necessidade, estabelecendo-se uma relação harmoniosa e sensível entre o homem e o meio que o rodeia e influencia. Até finais dos anos oitenta do século passado, Gonçalo foi terra de cesteiros, com uma indústria familiar e de patrões, dando emprego directa ou indirectamente a quase um milhar de Gonçalenses. As muitas gerações de cesteiros elevaram o seu artesanato a um nível de excelência, muito para além dos padrões que definem o artesanato em geral. É o porte magnífico, a nobreza e a singeleza dos cestos de Gonçalo que melhor definem a sua história enquanto povo artesão. Os Gonçalenses cultivaram uma identidade, souberam mostrar o homem e a sua dignidade. Actualmente são cerca de meia centena os cesteiros em actividade. Muitos com mais de meio século de profissão. É a eles que queremos prestar a nossa homenagem, pois são eles que ainda mantêm a nossa identidade viva.
Salvé Gonçalo.

TERCEIRA ETAPA

Gonçalo e Talasnal marcaram a terceira etapa.
Depois da fadiga se instalar, eis que chegamos ao verdadeiro paradigma perdido de Edgar Morin: Talasnal. Noite dormida em terras de xisto, manhã atribulada entre homens e máquinas. Também algumas desistências.

Fugindo aos acentuados declives da serra, as populações serranas estabeleceram-se onde a terra lhes concedia um pouco mais de planura. Não é por isso estranho que enquanto o Chiqueiro, situado mais acima, tira partido de uma zona de declives menos profundos, tanto o Casal Novo como o Talasnal se localizem a meia encosta sobre linhas de festos. Esta última aldeia adquire visível destaque graças às ribeiras da Vergada e de S. João, as duas linhas de água que limitam e marcam o festo que lhe serve de suporte.
A Serra da Lousã conjuga de forma única a vertente cultural e humana das Aldeias do Xisto, com a natureza e as possibilidades de lazer que a sua paisagem proporciona. É casa de veados, javalis e corços que espreitam por entre sobreiros, castanheiros, carvalhos e, claro, pinheiros. É atravessada por inúmeros trilhos pedestres/BTT e por caminhos que nos levam ao St. António da Neve, ao Alto do Trevim, ao Castelo da Lousã ou à Sra. da Piedade… não esquecendo as praias fluviais.

Casal Novo, Talasnal e Chiqueiro são bastante semelhantes do ponto de vista arquitectónico, podendo encontrar-se, essencialmente, dois tipos de casas. De um lado, as que seviam normalmente de currais, apresentando apenas rés-do-chão, constituído por uma pedra de Xisto apoiada e cobertura em colmo. Do outro, as casas de habitação compostas por dois pisos, tendo no piso superior, acessível por uma escada em xisto, uma só divisão para alojamento, muitas vezes com forno de pão ao canto, e no rés-do-chão espaço de alojamento ou curral também. As paredes eram de xisto com massa de argila e palha, e a estrutura feita em madeira de castanho ou pinho.
Com um solo de difícil cultivo, não foi fácil aos povos a sua fixação nestas aldeias, pelo menos até ao Séc. XVIII, altura em que a cultura de regadio trouxe novos produtos, como o milho grosso, a batata e o feijão. A agricultura, no entanto, não foi suficiente para impedir o êxodo dos habitantes para as grandes cidades.
Já o Foral manuelino da Lousã – Aldeias do Xisto de Candal, Casal Novo, Cerdeira, Ciqueiro e Talasnal – nos dá conta de serem produzidos e consumidos cereais como a aveia, centeio, cevada, milho, painço e trigo, e de farinha de cada «hum deles» dos quais resultava o «pam». O sal, o vinho, o vinagre, a linhaça, o marisco, o pescado, a fruta verde, os melões, a hortaliça também nele constam e, anote-se a referência ao marisco que tal como o pescado era transportado pelos almocreves.Filho desta tradição gastronómica apurada com o passar dos anos, nasceu o saber que hoje enche de aroma e sabor as cozinhas do Taslanal, do Casal Novo e do Chiqueiro. Quem não irá querer provar a chanfana, as delícias de mel e castanhas e tantos outros pratos que aqui nos dão a provar?
Autenticidade e genuinidade são a expressão literária destas terras.

QUARTA EPTAPA

Após partida do Talasnal eis que Ponte de Sor teve o destino desta quarta etapa.
Ponte de Sor, é uma cidade portuguesa no Distrito de Portalegre, região Alentejo e subregião do Alto Alentejo, com cerca de 11 000 habitantes. Pertencia ainda à antiga província do Ribatejo, hoje porém sem qualquer significado político-administrativo (a população de Ponte de Sor divide-se entre os que se consideram Ribatejanos e os que se consideram Alentejanos). É sede de um município com 839,23 km² de área e 18 140 habitantes (2001), subdividido em 7 freguesias. O município é limitado a nordeste pelos municípios de Gavião e Crato, a leste por Alter do Chão, a sueste por Avis, a sul por Mora, a sudoeste por Coruche e a noroeste por Chamusca e Abrantes.
Ponte de Sor é uma cidade rica em gastronomia, tendo alguns dos melhores restaurantes da região.
Apenas com um monumento histórico, a sua ponte romana sobre o rio Sor que dá o nome à terra.
Em 2001 Ponte de Sor foi reconhecida pelo Conselho Europeu como a cidade mais endividada da Europa.
Aqui temos de fazer uma pausa e prestar uma grande homenagem a um Municipio deste pequeno Portugal.
Figueiró dos Vinhos.
Local de passagem para o grupo, este Município revelou-se extraordinariamente hospitaleito e atento.
Acolhidos num restaurante da cidade, uma conversa espontânea com algumas pessoas instaladas no no mesmo levou-nos ao conhecimento do Sr. Presidente da Câmare de Figueiró dos Vinhos, Dr. Rui Manuel Almeida e Silva.
Foi-nos destinado um convite para sermos recebidos no Município no salão nobre fomos acolhidos pelo Sr. Presidente Dr. Rui Silva. Em conversa informal tivemos oportunidade de explanar o projecto de aventura, turismo e ambientalismo que nos move.
Fomos felicitados e a autarquia teve oportunidade de nos brindar com alguns presentes da região.
Salve Sr. Presidente e equipa; salve cidadãos de Figueiró dos Vinhos: o nosso muito obrigado.

Remontam à Idade do Bronze Final os primeiros vestígios de ocupação humana do território pertencente ao concelho de Figueiró dos Vinhos, documentado no referenciado Castro da Serra do Castelo, espaço que conheceu igualmente os efeitos da Romanização e da presença islâmica.
É no século XII que encontramos as primeiras fontes escritas com referência ao território figueiroense, primeiro com o registo da Doação da Herdade do Pedrógão em 1135 e mais tarde com a concessão por D. Pedro Afonso, filho natural de D. Afonso Henriques, de Carta de Foral aos Concelhos de Arega (1201) e Figueiró (1204), sendo estes dos Concelhos mais antigos do país.
Com o advento da Época Moderna Figueiró reforça a sua importância com a renovação da Carta de Foral em 16 de Abril de 1514 por D. Manuel I, atingindo uma apreciável prosperidade económica, evidenciada no incremento urbano da Vila, visível nos edifícios do Centro Histórico, donde se destaca a construção da Torre Comarcã erigida em 1506, testemunha simbólica da confirmação do poder concelhio, que coabitou com as formas prevalecentes do Poder Senhorial.
O Século XVII assinala épocas de desenvolvimento local com a construção dos Conventos de Nossa Senhora da Consolação e de Nossa Senhora do Carmo, e com a exploração, mineração e transformação do ferro nos Engenhos da Machuca e na Fábrica da Foz de Alge.
Com a afirmação do Liberalismo e o fim do Antigo Regime, verificam-se no espaço figueiroense alterações substanciais de ordem política e social. Foram várias as mutações registadas a nível administrativo variando a fixação da Sede de Comarca e a configuração do Concelho durante os Consulados de Mouzinho da Silveira, Passos Manuel, Costa Cabral e João Franco, havendo ainda a registar a ocorrência de Tumultos populares contra os Impostos em 1864.
Com o início do século XX, o Concelho ganha uma notoriedade nacional até aí inesperada, beneficiando da ligação de algumas personalidades do Mundo das Belas Artes a Figueiró dos Vinhos, no advento do Naturalismo. Os pintores José Malhoa e Henrique Pinto e os escultores Simões de Almeida, Tio e Sobrinho, tornaram esta região o arquétipo daquela corrente artística, criando o espírito da «Escola Naturalista de Figueiró» onde sobressai a temática paisagística rural e sentimental.
A implantação do regime republicano em 1910 trouxe ao espaço político local a tensão política e social que caracterizaram o republicanismo retardando o desenvolvimento do concelho. Daí que entre 1928 e 1948 em pleno período de vigência do Estado Novo, Figueiró dos Vinhos, tenha conhecido um período de progresso assinalável com a definição de um plano de intervenção de melhoramentos materiais e da aposta no Turismo, processo interrompido nos anos 60 e 70 em que o concelho assiste a uma enorme «sangria» humana sem retorno.
O processo de Democratização e Europeização do País abriu ao concelho de Figueiró dos Vinhos uma possibilidade de desenvolvimento sustentado, ainda hoje prosseguida, que aliou o desenvolvimento económico, à promoção de políticas sociais consistentes, aos níveis da Educação, Saúde e Acção Social, traduzida na realização profissional, desportiva e cultural da população, aumentando os níveis e indicadores de qualidade de vida e bem-estar.

QUINTA ETAPA

Nesta quinta etapa e após deixarmos Ponte de Sor eis que Évora foi o destino.

Revesitamos uma Évora nocturna com a fadiga instalada e a fome no horizonte. Uma palavra inicial para definir uma gastronomia de referência mas não acompanhada pelos serviços de restauração abertos em horas mais entradas na noite. Eis um problema.

Évora é capital do Distrito de Évora, e situada na região Alentejo e subregião do Alentejo Central, com uma população de cerca de 41 159 habitantes. É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1308,25 km² de área e 55 420 habitantes (2006), subdividido em 19 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Arraiolos, a nordeste por Estremoz, a leste pelo Redondo, a sueste por Reguengos de Monsaraz, a sul por Portel, a sudoeste por Viana do Alentejo e a oeste por Montemor-o-Novo. É sede de antiga diocese, sendo metrópole eclesiástica (Arquidiocese de Évora).
Desde 1986, Évora tem o seu centro histórico classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, e é considerada uma das mais belas cidades portuguesas e uma das cidades com maior qualidade de vida do nosso país. A cidade tem o renome de "Cidade Museu".
A Cozinha Tradicional tem por base a carne de porco e de borrego, azeite, o pão e as ervas aromáticas dos campos e das ribeiras que tornam rica e imaginativa a cozinha popular, e dão vida à açorda, ao ensopada de borrego, à sopa de cação e aos pratos de caça. Ao lado desta, a tradição conventual, e a sua doçaria à base de ovos, amêndoas e gila - pão de rala, encharcadas, barrigas de freira.
Depois de abastados em calorias, afigurou-se uma noite tranquila.

SEXTA ETAPA
Évora a Serpa marcou a sexta etapa.
Instalados no Parque de Campismo da edilidade, eis que o abrir do pano das tendas iluminou a refeição com uma bacalhoada com grão, acompanhada por um edlicioso tinto da herdade dos Cadouços e seguida de uma excelente licor de nos orindo do Talasnal.
Serpa situa-se no Baixo Alentejo, sobre uma elevação na margem esquerda do rio Guadiana, o grande rio do sul de Portugal, e é sede de um dos maiores municípios do País. Localizada numa região habitada desde tempos remotos, Serpa tem uma grande influência Romana, que muito desenvolveu a região, especialmente em termos agrícolas, e também Muçulmana, apelidada de “Scheberim”, tendo sido reconquistada por D. Afonso Henriques em 1166. Dada a sua localização geográfica, bem próxima da fronteira, Serpa sempre foi um ponto estratégico da defesa nacional.
A paisagem em Serpa é fabulosa, não só dentro das belas e históricas muralhas, no centro histórico da cidade, mas igualmente na magnífica e extensa planície e nos montes cobertos de rosmaninho. Nesta cidade histórica muitos são os monumentos dignos de registo, como as Igrejas Matriz, em estilo gótico, a de São Salvador (século XVII), a de Nossa Senhora da Saúde, a de São Francisco (iniciada em 1502) e a da Misericórdia (erigida em 1505, com interessantes azulejos do século XVIII, além dos museus arqueológico e etnográfico), o Convento de São Francisco, o Convento e Igreja de São Paulo, o imponente Palácio dos Condes de Ficalho (de finais do século XVI) ou a Torre do Relógio (que se supõe ser a terceira mais antiga do País), entre tantos, tantos outros.
O queijo de ovelha de Serpa é famoso e muito apreciado por todo o País, primando mesmo esta região Alentejana pela sua boa cozinha, que tem como melhor aliado, o Pão de qualidade. Ensopado de Borrego, Açorda, Grãos com Alho e Louro, e doces tradicionais como os folhados de gila e as queijadas de requeijão, regados com os melhores tintos do Alentejo, fazem as delícias de todos quanto os degustam.
Foi aqui nesta bela cidade que circunstâncias acidentais trouxeram ao grupo a respectiva mascote. Uma ave ferida tornou-se nossa aliada e colheu os cuidados de todos. Trata-se de uma rola ferida numa asa.

SÉTIMA ETAPA

Saidos de Serpa o destivo foi Odeceixe.
Odeceixe é uma freguesia portuguesa do concelho de Aljezur, com 42,06 km² de área e 927 habitantes (2001). Densidade: 22,0 hab/km². Foi elevada a vila em 12 de Julho de 2001. Neste ano de 2008 recebe as gravações de Morangos com Açúcar – Férias de Verão V, facto que a tornará mais visitada pela população mais jovem.
A vila situa-se junto à Ribeira de Seixe, no limite com o concelho de Odemira e o Baixo Alentejo, dentro da área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Fomos invadidos pela liberdade e beleza das praias da Costa Vicentina com o objectivo à vista: Sagres.
OITAVA ETAPA

Última etapa, destino Ponta de Sagres.

Sagres é a vila mais ocidental da Europa continental, situada no sudoeste de Portugal, na região do Algarve (Distrito de Faro, Concelho de Vila do Bispo). Dista 30 km de Lagos, a cidade mais próxima. É uma freguesia portuguesa do concelho de Vila do Bispo, com 34,28 km² de área e 1939 habitantes (2001). Densidade: 56,6 hab/km². Famosa pela escola náutica que o Infante D. Henrique lá instalou no século XV. A freguesia foi criada em 1519, por desmembramento de Vila do Bispo. Até 1834, Sagres constituiu concelho independente. Tinha, em 1801, 413 habitantes.
Sagres e o Cabo de S. Vicente – o Promontorium Sacrum dos Antigos – eram lugares de antiga e intensa sacralidade, demonstrado pelo grande número de menires neolíticos existentes. Há também relatos antigos de cerimónias religiosas e de proibição da presença de pessoas no local durante a noite, por ser frequentado por deuses. Mas Sagres entra definitivamente na História e na Lenda do Mundo Antigo quando, a partir do III Milénio a.C., os marinheiros do Mediterrâneo transformam em mercadoria os produtos do então extremo Ocidente. Em Sagres estava o último porto de abrigo que a navegação oriunda do Levante podia escalar, antes de se aventurarem à passagem do Cabo de S. Vicente. Em 779, seguindo a tradição de religiosidade destas paragens, os restos mortais de S. Vicente, o mártir de Saragoça, foram deslocados de Valência para o Promontorium Sacrum, término da viagem do Oriente para o Ocidente, onde ficam depositados na Igreja do Corvo.
Três séculos mais tarde, na idade média, o Infante D. Henrique fundou uma vila e fortaleza (a Vila do Infante) na ponta de Sagres, para dar apoio à navegação e à pesca. Mas ao contrário do que se julga, este sítio não teve uma relação directa com os descobrimentos. A famosa escola náutica do Infante de Sagres parece ter sido mais um mito do que uma realidade, mas o seu rumor ainda assim percorreu muitos cantos do mundo.
Nesta zona, a costa algarvia tem dois grandes patrimónios: o Cabo de São Vicente (Pontal dos Corvos e o Pontal gordo) e o de Sagres (Pontal da Atalaia e o Pontal da Baleeira). Entre a ponta de Sagres e a ponta da Atalaia forma-se a enseada de Sagres, enseada esta que protegeu durante largos séculos os navios dos ventos, que aí se mantinham à espera condições favoráveis para a navegação. É um paraíso natural, de grande importância estratégica e histórica, tendo constituído um ponto de referência essencial na geografia europeia. É neste cenário onde a história ganha vida, que botânicos e observadores de aves observam a fauna e a flora únicas deste local. É uma localidade que seduz os seus visitantes, devido à diversificação de sugestivos cenários, onde se confunde o agreste, o suave, o belo e o selvagem, como se tratasse de um território acabado de descobrir, todo ele esculpido pelos ventos e pelas ondas do Atlântico, convidando à sua exploração. É uma zona apaixonante de Portugal devido às suas cores mágicas, o verde dos jardins, o azul do mar, o branco das casas e o vermelho do sol. É uma região de grande afluência turística em especial durante a época balnear, mas apreciada pelos seus fiéis amantes durante todo o ano.

O litoral sudoeste entre a foz do rio Mira e a ponta de Sagres caracterizou-se historicamente pela escassez da ocupação humana, não obstante ter sido percorrido por populações desde a Pré-história, que retirariam do mar a sua subsistência. Rochosa e escarpada, carente de bons portos e de terrenos agrícolas, esta faixa costeira não deu origem a qualquer povoação de dimensão significativa. A pesca empresarial desenvolveu-se, especialmente na parte algarvia do Sudoeste, através de armações de pesca, chamadas almadravas, colocadas em sítios propícios da costa, como em Arrifana e na zona de S. Vicente/Sagres. Nesses locais foram, ao longo dos séculos XVI a XVIII, erguidas fortificações para proteger pescadores e artes da acção dos piratas magrebinos.
As características sócio-económicas e culturais deste território não diferem muito da grande maioria das regiões mais a interior do nosso país. Estas têm geralmente em comum o facto de se tratarem de zonas agrícolas, com uma paisagem rural bem preservada, fracas acessibilidades, com tradições e uma cultura bem preservadas, mas como contrapartida, com uma população envelhecida, fracas habilitações, reduzida iniciativa empresarial, desemprego e estruturas sócio-culturais insuficientes.
A elevadíssima qualidade ambiental da costa sudoeste, suas praias selvagens e caminhos rurais promovem o turismo, mas ainda de modo muito sazonal, criando pressões para mecanismos de acolhimento que estão muito longe de um modelo de desenvolvimento sustentado.
Hoje em dia os pescadores do Sudoeste fazem-se ao mar em pequenos barcos de quatro, seis metros de comprimento, com motores fora-de-bordo e alguns instrumentos de orientação e sonda. Costumam formar campanhas de dois elementos e levam ao mar artes de pesca tradicionais como os covos, o aparelho de anzol ou a rede de emalhar. Trazem desde o Polvo à Lagosta, passando pela característica Moreia e pelo Sargo fazendo desta costa um dos locais de eleição dos apreciadores de bom peixe e marisco. O Litoral do Sudoeste identifica-se, hoje, com uma agricultura intensiva, exportadora e com enormes necessidades em inputs técnicos e tecnológicos. A agricultura praticada no interior é caracteristicamente familiar e tradicional, onde as práticas culturais e maneios pecuários ainda obedecem a saberes próprios de comunidades de subsistência.

A Gastronomia do Sudoeste, embora semelhante à restante região, é variada e riquíssima. Junto à costa é essencialmente à base de peixe fresco e de marisco, sendo de destacar o sargo, dourada, besugo, pescada, linguado entre outras e o famoso perceve. São típicos a generosa caldeirada, o famoso arroz de polvo, ou berbigão, a sopa de peixe ou de arjamolho, a feijoada de búzios ou a até a carne de porco estufada. Na doçaria imperam a massa de amêndoa moída, os regionais D. Rodrigos e os morgados de amêndoa com gila ou figo. O digestivo típico é o figo recheado com amêndoa, que se bebe com a famosa a aguardente de medronho ou figo.
A madeira, o esparto, a palma, a cerâmica, rendas e bordados, assim como a doçaria regional, são exemplos da actividade artesanal que ainda se pode encontrar no concelho de Vila do Bispo. O processo tradicional da lã, do tratamento à fiação, continua vivo e proporciona a confecção de artigos como camisolas, peúgas, barretes ou luvas que a gente do mar usa na sua faina. Estes produtos podem ser encontrados nas festas de Verão e mercados mensais das terras vilabispenses.
Foi neste cenário que o grupo chegou à Ponta de Sagres, envolvidos num sentimento de solidariedade e amizade profundas num empreender de luta permanente num quotidiano de aventura e adversidades, em que o inimigo principal era a fadiga.
Felicitações a todos que deram e estiveram, de uma forma ou de outra, com o seu contributo nesta aventura.

PONTA DE SAGRES

Finalmente, as arrumações finais e a diáspora de toda a logística arreigada ao PPP, presentes e ausentes em geito de comunidade organizada.

Fomos para Albufeira, ver se o descanso regalava a alma.....
O resto, são memórias, momentos de consciência que nos irão acompanhar até sempre........
Venha o próximo PPP em 2010.


RMC
Reservados os direitos de autoria.

terça-feira, 28 de abril de 2009

DIA ZERO PPP- 24 ABRIL - CHEGADA DAS MÁQUINAS E PARTICIPANTES A RIO DE ONOR






















DIA ZERO PPP - 24 ABRIL - PASSAGEM PELA PONTE DE VARGE EM TRÁS-OS-MONTES


DIA ZERO PPP - 24 ABRIL - ENTRADA DAS MÁQUINAS NO CAMIÃO

































Agradecimento especial ao senhor Víctor, que transportou as máquinas e mais alguns até Rio de Onor.



DIA ZERO PPP - 24 ABRIL 2009


Concentração dos participantes da primeira edição do PPP, em Aveiro, na manhã do dia 24 de Abril de 2009, junto ao Cais da Fonte Nova da Ria de Aveiro, ao pé do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro (ex-Fábrica Jerónimo Campos).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Chegou a hora do Portugal de Ponta a Ponta

Quem disse que "não tem Ponta por onde se lhe pegue" estava enganado.
Amanhã vamos iniciar o Portugal de Ponta a Ponta em off-road....1200 Kms, da Ponta Rio de Onor a Norte à Ponta de Sagres a Sul, vão ser várias as etapas a percorrer desde 25 de Abril a 2 de Maio nesta nossa primeira edição do Portugal de Ponta a Ponta.

Amanhã será o inicio: o transporte de participantes e máquinas, desde Aveiro até Bragança, e como diz o nosso companheiro de aventura Zé do brinco: "no dia 24 o pessoal está lá, vai estar tudo direitinho, daí prá frente é que vai ser uma confusão do c...".

Já várias profecias foram contadas, em noites longas, sobre esta nossa viagem.
Chegou a hora de partirmos.

As 8h30 da manhã de 24 de Abril de 2009, frente ao Centro Cultural e de Congressos de Aveiro ( antiga Fábrica Jerónimo Campos) lá estaremos para o ritual inicial que conta com chegada das máquinas e participantes, e também não faltará a benção das motas pelo Senhor Padre Barnabé.

Esperamos que a Murganheira chegue pelo menos para o segundo dia de viagem. É que a viagem promete.
A todos aqueles que sonharam e que continuam a sonhar, e principalmente àqueles que agiram para que o Portugal de Ponta a Ponta acontecesse, o meu agradecimento especial.
Até amanhã!
Abraço de Aço.
Paula Barros

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

TEXT DRIVE - Percorridas 3 das 8 Etapas do “Portugal de Ponta-a-Ponta -(PPP)”
O projecto PPP supra mencionado prevê a ligação off-road entre os dois extremos do nosso Portugal (Rio de Onor e Ponta de Sagres), dividindo-se o percurso em 8 etapas.
1ª – Rio de Onor - Carviçais
2ª – Carviçais - Gonçalo
3ª – Gonçalo - Lousã
4ª – Lousã - Ponte de Sôr
5ª – Ponte de Sôr - Évora
6ª – Évora – Serpa
7ª - Serpa – Odeceixe
8ª – Odeceixe - SAGRES

Havendo um compromisso de grupo em testar previamente o traçado do PPP, este foi precipitado por iniciativa do nosso amigo Rui Cunha, que de surpresa se apresentou de peito aberto para esse teste.
Quase em simultâneo a ele se juntaram mais dois, o Jorge Barros e eu próprio (Paulo Mesquita).
Chegou o dia,... e à hora marcada bem perto da data de iniciar o nosso projecto, o nosso “desencaminhador” Rui Cunha fica imobilizado por questões de saúde.
Como costumo dizer “depois da tenda armada, tem de haver circo”. Assim foi, arranjamos 3 dias para efectuar 3 das 8 etapas previstas do PPP.
Posso dizer que começou muito bem, já que o jantar de véspera em GIMONDE (Bragança) deixava antever um bom augúrio do terreno que íamos encontrar.


Posto isto, vamos então à descrição das etapas:



Depois de pernoitar em Rio de Onor e ainda não eram 9:00 horas e já estávamos nós preparados par iniciar a nossa aventura off-road, com a assistência familiar a registar o momento da partida.
A chuva e o frio marcavam as nossas memórias e os nossos agasalhos. Máquinas a postos rumo apontado e lá vamos nós. Ao final de alguns Kms a apalpar terreno, regelados chegamos à primeira aldeia do nosso percurso onde registamos o nome do café ali existente “CARETOS” para retemperar forças com um cafezinho quente.
Já mais reconfortados, a nossa mira apontava agora para Bragança já que um dos primeiros problemas que nos preocupava era a falta de combustível. Sem grandes percalços encontramos em Bragança as bombas de combustível para o nosso primeiro reabastecimento. Estando em Bragança e depois de várias voltas, não tivemos outra alternativa se não fazer alguns Kms no IP4 para entrar no nosso percurso mais adiante.
Começamos então a subir para a zona de Nogueira - Bragança e a sentir na pele os efeitos do clima agreste do interior transmontano. Muito frio e pouca visibilidade acompanharam-nos durante vários Kms, escondendo-nos as magníficas paisagens a que teríamos direito, caso o céu estivesse limpo.
Das poucas aldeias que fomos passando tentávamos, sem êxito, encontrar alguma casa que servisse algo quente,…nada feito. Outra alternativa não restava se não continuar no carreiro rumo a sul e encarar o desconforto do frio como o sofrimento necessário. Foi preciso chegar bem perto da barragem do Azibo para vislumbra o céu limpo a desnudar paisagens virgens, pelo menos para nós (porque naquele dia ainda não lhe tínhamos posto os olhos em cima). Aproveitamos a barragem para efectuar o registo fotográfico e posicional logístico com as nossas MARIAS de apoio. A verdade é que já tinham chegado ao repasto e a nós ainda nos faltavam uma vintena de kms. Foi altura de fazer gosto ao punho serpenteando as margens da barragem, em cima de um piso magnífico e delicioso que nos permitia dar asas à imaginação, desafiando a gravidade.
Com a chuva quase sempre a marcar presença chegamos a Peredo onde se situava o restaurante, o ambiente deixava antever um bom repasto. Assim foi, cabrito para todos e ninguém se arrependeu. Estando em Peredo quisemos aproveitar para visitar o SPA da moda ao ar livre em Alfandega da Fé.
Embora não fizesse parte do nosso percurso lá fomos ver as instalações mais vanguardistas daquela zona. Infelizmente para nós a neblina não permitia ver mais que poucos metros impedindo-nos de apreciar as belas paisagens existentes. Terminada a visita a meteorologia era implacável não dando tréguas, sendo assim optamos por transportar as máquinas em atrelado até à nossa pernoita em Carviçais onde chegamos cerca das 19:00 horas. Mal poderíamos chegar para usufruir de todo o conforto das instalações com um respectivo banho quente reconfortante. Antes disso foi tempo de guardar as máquinas de duas rodas em garagem apropriada pois já tinham 190 kms no pelo. Confesso que chegada a hora de jantar ainda acusava as consequências das várias etapas gastronómicas que já tínhamos degustado. Para mim a sua dureza superava a dureza do próprio terreno off-road em cima da burra. Até aqui nota bastante positiva para máquinas e pilotos a apresentarem-se na perfeição.
Após uma noite de bom descanso, às oito da matina do dia seguinte já eu e o Barros nos apresentávamos ao pequeno-almoço para traçar qualquer coisa. Óleo nas correntes e lá vamos nós para o cumprimento da segunda etapa (Carviçais - Gonçalo).
Como no dia anterior devido ao mau tempo, não tínhamos percorrido toda a etapa off-road o amigo Barros entendeu e bem que deveríamos ir emendar a respectiva. Assim lá fomos nós no sentido norte cumprir o percurso em falta e...valeu a pena.
Estávamos em plena zona de Torre Moncorvo com paisagens memoráveis percorridas pelos socalcos das oliveiras, subimos ao ponto mais alto para vislumbrar Picões por onde a caravana poderá passar. Estávamos então satisfeitos pelo dever cumprido. Dali não tivemos outra alternativa se não voltar a Felgar para rumar a Sul. Por ali fomos improvisando, sempre fora de estrada, até que encontramos o percurso, muito agradável de percorrer devido à sinuosidade dos trilhos.
O nosso próximo objectivo seria chegar a Barca D’Alva. Como já há muito tempo não apanhávamos chuva J…, começou a cair novamente impiedosa e fria com algum granizo à mistura. Entramos em asfalto para percorrer cerca de 15 kms até ao nosso ponto de paragem. A chuva abrandava em simultâneo com a nossa chega ao Douro Internacional. Uma vista imponente, magnífica e calma com direito a saboreá-la por alguns momentos efectuando o respectivo registo fotográfico.
Dali descemos mais um pouco e estávamos em Barca D’Alva onde fomos reconfortar o corpo e a alma com um Portinho da região servido “come il faut”. Depois de tratarmos de nós era tempo de pensar em dar de beber às “burrinhas” e ali gasolina é coisa que não há, só vinho.
O mais perto para nós era Escalhão e para lá fomos direitinhos. Já começávamos a fazer contas para o almoço pois as nossas Marias da logística já estavam em Almeida à procura de restaurante. Nós ainda tínhamos que passar e visitar Figueira de Castelo Rodrigo. Apesar de cumprirmos a visita a nebulosidade não permitia visualizar quase nada.
Dali até Almeida foi rolar e quase boiar algumas vezes por água e lama quanto baste, chovia copiosamente. Almeida à vista e a barriga também a dar horas. O restaurante do Castelo previamente eleito estava fechado para nosso galgo, a alternativa apesar de tudo não foi má, GRANITO seu nome, também nos serviu muito bem.
Barriguinha cheia, vestes enxutas, máquinas atestadas e lá vamos nós num Saltinho até Vilar Formoso, deu para aconchegar o almoço. A partir de Vilar Formoso a meteorologia parecia agora dar-nos algumas tréguas o que tornava as coisas bem mais divertidas. O piso do trilho era bastante bom e as paisagens vistosas. Descemos todo o monte até chegarmos à Bacia Hidrográfica do Rio Côa em S. Miguel que tínhamos de transpor. Vislumbrei uma pequena passagem em pedra com cerca de 0,60 m de largura e precipitei-me a atravessá-la.
Já ia a meio e apercebi-me que não tinha sido uma boa opção, pois para além de estreita as pedras estavam muito escorregadia, para além disso não havia saída à vista. Apressei-me em avisar o Barros para não passar, já ele estava em perigo eminente não conseguindo segurar a frente da sua Suzuki DR. Larguei a minha moto no descanso e corri para lhe segurar o guiador, felizmente correu bem. Tínhamos acabado de passar pela nossa primeira e única experiencia de situação de perigo eminente.
Para o final desta etapa em Gonçalo ainda teríamos que passar pela Guarda. Embora o nosso objectivo fosse o de fazer o percurso fora de estrada, a verdade é que até à Guarda foi quase sempre em asfalto. A partir daí passámos novamente para fora de estrada até Gonçalo. O trilho e o piso convidavam a dar gosto ao punho, muita diversão até à casa do Barros em Gonçalo, onde passamos a noite. Não sei antes jantarmos coelho bravo no restaurante da Lurdes.
Restava-nos percorrer a nossa última etapa Gonçalo-Lousã, que iria passar pelo ponto mais elevado de Portugal Continental (Nave da Torre) – Serra da Estrela.
O sol brilhava mas o frio fazia-se sentir, à medida que ia-mos subindo aumentava.
Foi já ao chegar à Senhora da Serra que vimos neve pela primeira vez, sendo que a Torre estava completamente coberta por um manto branco.
Como tínhamos combinado com um o amigo Jorge que nos haveria de levar por Piódão até ao nosso almoço em Fajão, saímos do trajecto previamente estipulado para o encontrar em Vide.
Dali percorremos em asfalto a ligação até Piódão, aldeia lindíssima engalanada no vale fazendo lembrar um presépio. A manhã estava lindíssima com um sol de inverno apetitoso.
Até à aldeia de Fajão tivemos de andar bastante ora fora de estrada ora em asfalto muito sinuoso. Já o relógio apontava uma e meia quando chegamos a Fajão terra de histórias magnificas e do Museu Monsenhor Nunes Pereira e. Esperamos um pouco mais e as nossas respectivas esposas lá chegaram com os atrelados terminando ali a sua tarefa na logística.
O restaurante é o único que existe naquela aldeia e não desilude, designado “Juiz de Fajão” serve muito bem. Para terminar também as nossas etapas gastronómica não poderíamos terminar melhor com um prato de cabrito à moda serrana divinal.

Bom, e da nossa viajem pouco mais haveria para contar, resta-me agradecer à boa companhia do Jorge Barros e à logística personificada pela Sãozinha, Ducha e Tiago.