sábado, 10 de outubro de 2009

PORTUGAL DE PONTA A PONTA

PORTUGAL DE PONTA A PONTA

O TERMO DE UMA AVENTURA DE SOLIDARIEDADE E AMBIENTALISMO



Entre os dias 24 de Abril e 3 de Maio de 2009, realizou-se a 1.ª Edição do “Portugal-de-Ponta-a-Ponta”, designado de P.P.P.

A prova decorreu em Portugal continental, desde Rio de Onor à Ponta de Sagres e contou com 1351 Km percorridos em toddo o terreno, dos quais os participantes efectuaram percursos em hard road, soft road e asfalto.
Dividida em oito etapas com uma cadência média diária de 163 Km, o Portugal de Ponta a chegou ao fim com os objectivos propostos para esta primeira edição cumpridos.
Os participantes difundiram as suas preocupações junto das comunidadaes locais, entidades privadas e autarquias, senibilizando-as para a preservação cultural regional e para o ambientalismo, nomeadamente a preservação do lobo ibérico como divisa abraçada pelo grupo para este ano. A cultura local foi registada pela Sociologa que acompanhou o grupo, Dra. Paula Barros.

A PRIMEIRA ETAPA
Na primeira etapa desde Rio de Onor até Carviçais registou-se uma inter-acção forte com a comunidade local de Rio de Onor, hábitos e costumes, nomeadamente a influência do dialecto lionês no dialecto rionês.

Rio de Onor é uma aldeia formada por dois focos populacionais – um espanhol e um português – separados pela fronteira política, mas unidos pela mesma cultura e dialecto. Esta povoação, a que os rionorenses chamam al lugar, está efectivamente dividida em dois núcleos situados dos dois lados da fronteira e distantes um do outro cerca de 150 metros. A aldeia espanhola é conhecida por Rihonor de Arriba e a portuguesa por Rihonor de Abajo, visto ficar uma a montante e outra a jusante do rio Contensa. A circunstância de estas aldeias gémeas estarem separadas obrigou necessariamente a uma relativa diferenciação, visto que os habitantes de uma ou de outra aldeia são obrigados a estabelecer, respectivamente, contactos com as povoações vizinhas, autoridades e centros administrativos de um e de outro país. São assim inevitáveis as aculturações espanhola e portuguesa entre ambas. Trata-se, portanto, de uma comunidade híbrida, que se presta de maneira invulgar para fazer um estudo de contactos de duas áreas culturais. Assim, poderemos concluir que o dialecto rionorense é um português muito antigo e muito modificado pela influência Castelhana.
O grupo bebeu e apercebeu-se desta realidade híbrida que dia e noite a muitos agradou, no encalço de placas de sinalética informativa.

Mas importa saber como é que este “dialecto leonês” se fixou nesta região transmontana à semelhança do que também aconteceu em “Terras de Miranda”. Adoptaremos aqui a perspectiva do Prof. Herculano de Carvalho, por nos parecer muito rigorosa e bem fundamentada de acordo com a realidade que ainda hoje nos é possível constatar. O território português que hoje corresponde, grosso modo, ao actual Nordeste Transmontano terá pertencido ao domínio Leonês cuja sede seria a Sé de Astorga. Não há dados muito concretos, que nos digam por quanto tempo foi exercido este domínio, mas é óbvio que ele terá sido o motivo do estabelecimento de dialectos leoneses nesta região, pela sua proximidade geográfica e também pelo isolamento desta região em relação ao resto do país, o que proporcionava um maior contacto com as vizinhas terras de Leão, sobretudo com os povos de Aliste e de Saiago e que permitem explicar a conservação e influência daquele dialecto leonês. Assim, facilmente compreendemos como foi fácil ao dialecto leonês instalar-se neste recanto nordestino que tenazmente foi persistindo contra todas as inovações até atingir a situação em que hoje se encontra: o rionorês, isto é, o leonês falado em Rio de Onor, constitui uma ilha linguística encravada entre o português e o castelhano. Há portanto uma fusão entre duas línguas e como consequência dessa fusão, o rionorense é normalmente plurilingue. De referir ainda que o português, falado também nesta localidade é um português antigo. Talvez possamos até referir aqui “um falar transmontano”. Diz-nos Daniel Rodrigues, um estudioso desta região, por dela ser natural, que: “O português do séc. XIV não existe só nos documentos literários desse período, não é uma língua morta; essas formas filológicas ouvem-se ainda hoje pronunciar, como documentos vivos de um passado remoto, na povoação raiana e sertaneja de Rio de Onor”.

Já Carviçais demonstou ser um verdadeiro monumento de acolhimento a esta caravana.
Diz o povo que a estrada real, proveniente das Beiras através da Barca do Pocinho, passando por Moncorvo em direcção a Miranda do Douro, não tinha, no percurso de sete léguas, entre Moncorvo e Fornos, qualquer albergue que desse abrigo aos viajantes que a utilizavam. Por essa razão, uma família, na mira de angariar proveitos para a sua subsistência, escolheu nesta via, o ponto apropriado, mais ou menos equidistante entre as duas localidades, e aqui implantou uma estalagem. Esta estalagem, devido à sua posição estratégica e riqueza, foi atracção para outras famílias que aqui se instalaram, dando expansão ao lugar, que cresceu até à sua emancipação, ao desligar-se, na altura própria, do cordão umbilical que a unia à sua progenitora, a antiga vila de Mós, que lhe cedeu o termo. Nascia, então, por volta da nacionalidade, como lugar de Mós, Carviçais, que seria elevada a freguesia com “a lei do povoado” no reinado de D. Sancho I. Situada a cerca de 15 km de Torre de Moncorvo é formada, para além da aldeia de Carviçais, por mais cinco povoados: Macieirinha, Martim Tirado, Pereiras, Peladinhas e Nogueirinha. Actualmente, Carviçais, possui 865 residentes, segundo os dados provisórios do Censos 2001, dos quais 10% são crianças e jovens, correspondendo 45% à percentagem de adultos em idade activa. Relativamente aos idosos, representam 45% da população local.
São variadas as formas gráficas do nome da povoação e também as opiniões sobre a procedência etimológica. Aparece nas formas: Carviçães, Caraviçães, Carvoiçais, Carviçaes, Carviçais e outras. É a voz corrente que o Abade Tavares dizia que Carviçais teve origem na palavra “Carviços”, que em latim popular significava “touça de carvalhos rasteiros”. Abundavam os carvalhos, e de muitos “Carviços”, - Carviçales – proveio o nome de Carviçais. Se é verdade que o termo Carviçais foi densamente povoado de carvalhos, não o foi menos, em resíduos de fornos de fundição chamados carvoiços, que, colectivamente, deram Carvoiçais e posteriormente Carviçais. Embora, nestas duas opiniões, o radical das palavras em causa, seja o mesmo, dizem alguns entendidos que Carviçais como nome de povoação, teve origem em Carvoiços (de carvalhos rasteiros).
A agricultura apoiada pela pecuária (cerca de 40 rebanhos) continua a ser um dos factores de subsistência de muitas da famílias da terra, especialmente nos domínios da cultura da castanha, do vinho, do cereal e do azeite.Para além da agricultura, Carviçais, possui outras actividades e estruturas de verdadeiro desenvolvimento, existindo ainda um cesteiro (em vime), um albardeiro e correeiro, um alfaiate e diversas costureiras e um ferrador. Neste momento, a freguesia conta com um sector industrial em vias de propagação, que é marcado por uma casa de cortinados, duas oficinas de mecânica e pintura de automóveis, uma serração de madeiras, uma carpintaria e uma casa de moagem de cereais, nomeadamente de farinhas.Existem também na povoação, embora desactivados, dois lagares de azeite e uma serralharia. O comércio, que, antigamente, não tinha grande expressão, oferece, actualmente, uma vasta gama de produtos aos residentes, satisfazendo quase todas as suas necessidades. Assim, a freguesia conta com quatro padarias, que fornecem diariamente pão fresco aos habitantes de Carviçais bem como dos arredores, dois talhos, várias mercearias, um supermercado com bens de primeira necessidade, duas casas de electrodomésticos e uma casa de mobílias. Ao nível de serviços, a freguesia dispõe de um posto médico, de uma farmácia, de um posto de GNR, de uma agência funerária e de uma empresa de limpeza. Quanto à acção social, os habitantes mais idosos carenciados podem contar com um centro de dia e um lar de terceira idade, com bons equipamentos e infra-estruturas de modo a auxiliá-los nas mais diversas situações e proporcionar-lhes também conforto e bem-estar.O campo escolar de Carviçais abrange vários níveis de ensino, exceptuando, o secundário e o universitário. Assim, na freguesia existem ainda, um jardim de infância, uma escola do primeiro ciclo do ensino básico e por último, um externato liceal, de nome Nossa Senhora de Fátima, que vai até ao nono ano.
As festas e romarias que, ainda hoje, se realizam na freguesia constituem uma grande parte das tradições que se vão mantendo vivas. Assim, destacam-se as realizadas em honra de Santa Bárbara, no segundo domingo de Junho e de São Sebastião, no primeiro ou segundo fim-de-semana de Agosto.Nos últimos anos, a festa do Mártir São Sebastião tornou-se a mais importante, na medida em que o povo celebra, com alegria e entusiasmo, as virtudes deste Santo que outrora foi soldado Cristão e Mártir de Jesus Cristo. Nossa Senhora da Assunção, padroeira da freguesia, é também muito venerada por todos os habitantes de Carviçais. Para além destas festas existem também outros festejos em louvor de Nossa Senhora de Fátima, realizados no primeiro, terceiro e quarto fins-de-semana do mês de Maio, nas povoações anexas da freguesia: Macieirinha, Martim – Tirado e Estrada.
Carviçais é uma freguesia bastante rica no que diz respeito a tradições de índole cultural. Contudo, o seu desaparecimento tende a acontecer, não fora a boa vontade de muitos em preservá-las. É assim com os trajes típicos e as danças, que têm vindo gradualmente a cair no esquecimento da população. No entanto, relativamente aos cantares, nos últimos tempos a Banda Filarmónica de Carviçais, constituída por 50 pessoas, tem feito um esforço de recolha e divulgação dos mesmos, de forma a serem perpetuados ao longo dos tempos. As tradições relacionadas com os jogos típicos também vão sendo mantidas, graças às várias associações existentes na freguesia, que procuram a todo o custo preservá-los bem como reforçar valores de sociabilidade. Assim, os jogos mais característicos de Carviçais, que se jogam aos domingos, nomeadamente, no mês de Julho são: A Raiola, o Ferro, a Malha e o Cântaro.
Contra tudo e todos, nesta freguesia o artesanato está bastante vivo e recomenda-se. A cestaria, a alfaiataria, a latoaria, as rendas e os bordados compõem o ramalhete de artes e ofícios. Apenas o fabrico artesanal de brinquedos, à semelhança do que acontece um pouco por todo o país, está a diminuir gradualmente.
Nos restaurantes de Carviçais é possível saborear os mais diversos pratos da região, sendo de destacar a posta à Mirandesa e o cabrito assado. Para acompanhar estes deliciosos pratos recomenda-se o vinho branco ou tinto produzido pelos habitantes da freguesia. Para terminar a refeição, são inúmeros os doces e as sobremesas propostas, destacando-se os sonhos, os económicos, o pão-de-ló e o arroz doce.

A SEGUNDA ETAPA

A segunda etapa realizou-se entre Carviçais e Gonçalo.
A Vila de Gonçalo, geograficamente entalada entre a Beira-Alta e a Beira-Baixa, desenvolveu desde há muito uma estreita ligação com o artesanato em verga e vime. Em finais do século XIX, a cestaria tomava já a forma de pequena indústria, produzindo cestos sob a forma de utilitários para uso doméstico e também comercial. No Inicio do século XX, cesteiros Gonçalenses encontravam-se espalhados pelo País e também por Espanha, muitos concentraram-se em Vigo onde exerceram a profissão de cesteiros, vindo a dar nome a uma rua “Calle dos Cesteiros”. As novas gerações de Gonçalenses iniciavam a aprendizagem da arte muito cedo, prolongando-a por toda a sua vida. Em 1885 é regulamentado pelo delegado escolar da freguesia, o horário do exercício escolar de forma a conciliar a aprendizagem das letras e dos números, com a aprendizagem dos cestos. A forma dos cestos andou sempre de mãos dadas com a função. Assim evoluiu a cestaria em Gonçalo. As mãos ágeis e sensíveis dos artesãos, souberam sempre criar um produto que desse resposta a uma necessidade, estabelecendo-se uma relação harmoniosa e sensível entre o homem e o meio que o rodeia e influencia. Até finais dos anos oitenta do século passado, Gonçalo foi terra de cesteiros, com uma indústria familiar e de patrões, dando emprego directa ou indirectamente a quase um milhar de Gonçalenses. As muitas gerações de cesteiros elevaram o seu artesanato a um nível de excelência, muito para além dos padrões que definem o artesanato em geral. É o porte magnífico, a nobreza e a singeleza dos cestos de Gonçalo que melhor definem a sua história enquanto povo artesão. Os Gonçalenses cultivaram uma identidade, souberam mostrar o homem e a sua dignidade. Actualmente são cerca de meia centena os cesteiros em actividade. Muitos com mais de meio século de profissão. É a eles que queremos prestar a nossa homenagem, pois são eles que ainda mantêm a nossa identidade viva.
Salvé Gonçalo.

TERCEIRA ETAPA

Gonçalo e Talasnal marcaram a terceira etapa.
Depois da fadiga se instalar, eis que chegamos ao verdadeiro paradigma perdido de Edgar Morin: Talasnal. Noite dormida em terras de xisto, manhã atribulada entre homens e máquinas. Também algumas desistências.

Fugindo aos acentuados declives da serra, as populações serranas estabeleceram-se onde a terra lhes concedia um pouco mais de planura. Não é por isso estranho que enquanto o Chiqueiro, situado mais acima, tira partido de uma zona de declives menos profundos, tanto o Casal Novo como o Talasnal se localizem a meia encosta sobre linhas de festos. Esta última aldeia adquire visível destaque graças às ribeiras da Vergada e de S. João, as duas linhas de água que limitam e marcam o festo que lhe serve de suporte.
A Serra da Lousã conjuga de forma única a vertente cultural e humana das Aldeias do Xisto, com a natureza e as possibilidades de lazer que a sua paisagem proporciona. É casa de veados, javalis e corços que espreitam por entre sobreiros, castanheiros, carvalhos e, claro, pinheiros. É atravessada por inúmeros trilhos pedestres/BTT e por caminhos que nos levam ao St. António da Neve, ao Alto do Trevim, ao Castelo da Lousã ou à Sra. da Piedade… não esquecendo as praias fluviais.

Casal Novo, Talasnal e Chiqueiro são bastante semelhantes do ponto de vista arquitectónico, podendo encontrar-se, essencialmente, dois tipos de casas. De um lado, as que seviam normalmente de currais, apresentando apenas rés-do-chão, constituído por uma pedra de Xisto apoiada e cobertura em colmo. Do outro, as casas de habitação compostas por dois pisos, tendo no piso superior, acessível por uma escada em xisto, uma só divisão para alojamento, muitas vezes com forno de pão ao canto, e no rés-do-chão espaço de alojamento ou curral também. As paredes eram de xisto com massa de argila e palha, e a estrutura feita em madeira de castanho ou pinho.
Com um solo de difícil cultivo, não foi fácil aos povos a sua fixação nestas aldeias, pelo menos até ao Séc. XVIII, altura em que a cultura de regadio trouxe novos produtos, como o milho grosso, a batata e o feijão. A agricultura, no entanto, não foi suficiente para impedir o êxodo dos habitantes para as grandes cidades.
Já o Foral manuelino da Lousã – Aldeias do Xisto de Candal, Casal Novo, Cerdeira, Ciqueiro e Talasnal – nos dá conta de serem produzidos e consumidos cereais como a aveia, centeio, cevada, milho, painço e trigo, e de farinha de cada «hum deles» dos quais resultava o «pam». O sal, o vinho, o vinagre, a linhaça, o marisco, o pescado, a fruta verde, os melões, a hortaliça também nele constam e, anote-se a referência ao marisco que tal como o pescado era transportado pelos almocreves.Filho desta tradição gastronómica apurada com o passar dos anos, nasceu o saber que hoje enche de aroma e sabor as cozinhas do Taslanal, do Casal Novo e do Chiqueiro. Quem não irá querer provar a chanfana, as delícias de mel e castanhas e tantos outros pratos que aqui nos dão a provar?
Autenticidade e genuinidade são a expressão literária destas terras.

QUARTA EPTAPA

Após partida do Talasnal eis que Ponte de Sor teve o destino desta quarta etapa.
Ponte de Sor, é uma cidade portuguesa no Distrito de Portalegre, região Alentejo e subregião do Alto Alentejo, com cerca de 11 000 habitantes. Pertencia ainda à antiga província do Ribatejo, hoje porém sem qualquer significado político-administrativo (a população de Ponte de Sor divide-se entre os que se consideram Ribatejanos e os que se consideram Alentejanos). É sede de um município com 839,23 km² de área e 18 140 habitantes (2001), subdividido em 7 freguesias. O município é limitado a nordeste pelos municípios de Gavião e Crato, a leste por Alter do Chão, a sueste por Avis, a sul por Mora, a sudoeste por Coruche e a noroeste por Chamusca e Abrantes.
Ponte de Sor é uma cidade rica em gastronomia, tendo alguns dos melhores restaurantes da região.
Apenas com um monumento histórico, a sua ponte romana sobre o rio Sor que dá o nome à terra.
Em 2001 Ponte de Sor foi reconhecida pelo Conselho Europeu como a cidade mais endividada da Europa.
Aqui temos de fazer uma pausa e prestar uma grande homenagem a um Municipio deste pequeno Portugal.
Figueiró dos Vinhos.
Local de passagem para o grupo, este Município revelou-se extraordinariamente hospitaleito e atento.
Acolhidos num restaurante da cidade, uma conversa espontânea com algumas pessoas instaladas no no mesmo levou-nos ao conhecimento do Sr. Presidente da Câmare de Figueiró dos Vinhos, Dr. Rui Manuel Almeida e Silva.
Foi-nos destinado um convite para sermos recebidos no Município no salão nobre fomos acolhidos pelo Sr. Presidente Dr. Rui Silva. Em conversa informal tivemos oportunidade de explanar o projecto de aventura, turismo e ambientalismo que nos move.
Fomos felicitados e a autarquia teve oportunidade de nos brindar com alguns presentes da região.
Salve Sr. Presidente e equipa; salve cidadãos de Figueiró dos Vinhos: o nosso muito obrigado.

Remontam à Idade do Bronze Final os primeiros vestígios de ocupação humana do território pertencente ao concelho de Figueiró dos Vinhos, documentado no referenciado Castro da Serra do Castelo, espaço que conheceu igualmente os efeitos da Romanização e da presença islâmica.
É no século XII que encontramos as primeiras fontes escritas com referência ao território figueiroense, primeiro com o registo da Doação da Herdade do Pedrógão em 1135 e mais tarde com a concessão por D. Pedro Afonso, filho natural de D. Afonso Henriques, de Carta de Foral aos Concelhos de Arega (1201) e Figueiró (1204), sendo estes dos Concelhos mais antigos do país.
Com o advento da Época Moderna Figueiró reforça a sua importância com a renovação da Carta de Foral em 16 de Abril de 1514 por D. Manuel I, atingindo uma apreciável prosperidade económica, evidenciada no incremento urbano da Vila, visível nos edifícios do Centro Histórico, donde se destaca a construção da Torre Comarcã erigida em 1506, testemunha simbólica da confirmação do poder concelhio, que coabitou com as formas prevalecentes do Poder Senhorial.
O Século XVII assinala épocas de desenvolvimento local com a construção dos Conventos de Nossa Senhora da Consolação e de Nossa Senhora do Carmo, e com a exploração, mineração e transformação do ferro nos Engenhos da Machuca e na Fábrica da Foz de Alge.
Com a afirmação do Liberalismo e o fim do Antigo Regime, verificam-se no espaço figueiroense alterações substanciais de ordem política e social. Foram várias as mutações registadas a nível administrativo variando a fixação da Sede de Comarca e a configuração do Concelho durante os Consulados de Mouzinho da Silveira, Passos Manuel, Costa Cabral e João Franco, havendo ainda a registar a ocorrência de Tumultos populares contra os Impostos em 1864.
Com o início do século XX, o Concelho ganha uma notoriedade nacional até aí inesperada, beneficiando da ligação de algumas personalidades do Mundo das Belas Artes a Figueiró dos Vinhos, no advento do Naturalismo. Os pintores José Malhoa e Henrique Pinto e os escultores Simões de Almeida, Tio e Sobrinho, tornaram esta região o arquétipo daquela corrente artística, criando o espírito da «Escola Naturalista de Figueiró» onde sobressai a temática paisagística rural e sentimental.
A implantação do regime republicano em 1910 trouxe ao espaço político local a tensão política e social que caracterizaram o republicanismo retardando o desenvolvimento do concelho. Daí que entre 1928 e 1948 em pleno período de vigência do Estado Novo, Figueiró dos Vinhos, tenha conhecido um período de progresso assinalável com a definição de um plano de intervenção de melhoramentos materiais e da aposta no Turismo, processo interrompido nos anos 60 e 70 em que o concelho assiste a uma enorme «sangria» humana sem retorno.
O processo de Democratização e Europeização do País abriu ao concelho de Figueiró dos Vinhos uma possibilidade de desenvolvimento sustentado, ainda hoje prosseguida, que aliou o desenvolvimento económico, à promoção de políticas sociais consistentes, aos níveis da Educação, Saúde e Acção Social, traduzida na realização profissional, desportiva e cultural da população, aumentando os níveis e indicadores de qualidade de vida e bem-estar.

QUINTA ETAPA

Nesta quinta etapa e após deixarmos Ponte de Sor eis que Évora foi o destino.

Revesitamos uma Évora nocturna com a fadiga instalada e a fome no horizonte. Uma palavra inicial para definir uma gastronomia de referência mas não acompanhada pelos serviços de restauração abertos em horas mais entradas na noite. Eis um problema.

Évora é capital do Distrito de Évora, e situada na região Alentejo e subregião do Alentejo Central, com uma população de cerca de 41 159 habitantes. É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1308,25 km² de área e 55 420 habitantes (2006), subdividido em 19 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Arraiolos, a nordeste por Estremoz, a leste pelo Redondo, a sueste por Reguengos de Monsaraz, a sul por Portel, a sudoeste por Viana do Alentejo e a oeste por Montemor-o-Novo. É sede de antiga diocese, sendo metrópole eclesiástica (Arquidiocese de Évora).
Desde 1986, Évora tem o seu centro histórico classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, e é considerada uma das mais belas cidades portuguesas e uma das cidades com maior qualidade de vida do nosso país. A cidade tem o renome de "Cidade Museu".
A Cozinha Tradicional tem por base a carne de porco e de borrego, azeite, o pão e as ervas aromáticas dos campos e das ribeiras que tornam rica e imaginativa a cozinha popular, e dão vida à açorda, ao ensopada de borrego, à sopa de cação e aos pratos de caça. Ao lado desta, a tradição conventual, e a sua doçaria à base de ovos, amêndoas e gila - pão de rala, encharcadas, barrigas de freira.
Depois de abastados em calorias, afigurou-se uma noite tranquila.

SEXTA ETAPA
Évora a Serpa marcou a sexta etapa.
Instalados no Parque de Campismo da edilidade, eis que o abrir do pano das tendas iluminou a refeição com uma bacalhoada com grão, acompanhada por um edlicioso tinto da herdade dos Cadouços e seguida de uma excelente licor de nos orindo do Talasnal.
Serpa situa-se no Baixo Alentejo, sobre uma elevação na margem esquerda do rio Guadiana, o grande rio do sul de Portugal, e é sede de um dos maiores municípios do País. Localizada numa região habitada desde tempos remotos, Serpa tem uma grande influência Romana, que muito desenvolveu a região, especialmente em termos agrícolas, e também Muçulmana, apelidada de “Scheberim”, tendo sido reconquistada por D. Afonso Henriques em 1166. Dada a sua localização geográfica, bem próxima da fronteira, Serpa sempre foi um ponto estratégico da defesa nacional.
A paisagem em Serpa é fabulosa, não só dentro das belas e históricas muralhas, no centro histórico da cidade, mas igualmente na magnífica e extensa planície e nos montes cobertos de rosmaninho. Nesta cidade histórica muitos são os monumentos dignos de registo, como as Igrejas Matriz, em estilo gótico, a de São Salvador (século XVII), a de Nossa Senhora da Saúde, a de São Francisco (iniciada em 1502) e a da Misericórdia (erigida em 1505, com interessantes azulejos do século XVIII, além dos museus arqueológico e etnográfico), o Convento de São Francisco, o Convento e Igreja de São Paulo, o imponente Palácio dos Condes de Ficalho (de finais do século XVI) ou a Torre do Relógio (que se supõe ser a terceira mais antiga do País), entre tantos, tantos outros.
O queijo de ovelha de Serpa é famoso e muito apreciado por todo o País, primando mesmo esta região Alentejana pela sua boa cozinha, que tem como melhor aliado, o Pão de qualidade. Ensopado de Borrego, Açorda, Grãos com Alho e Louro, e doces tradicionais como os folhados de gila e as queijadas de requeijão, regados com os melhores tintos do Alentejo, fazem as delícias de todos quanto os degustam.
Foi aqui nesta bela cidade que circunstâncias acidentais trouxeram ao grupo a respectiva mascote. Uma ave ferida tornou-se nossa aliada e colheu os cuidados de todos. Trata-se de uma rola ferida numa asa.

SÉTIMA ETAPA

Saidos de Serpa o destivo foi Odeceixe.
Odeceixe é uma freguesia portuguesa do concelho de Aljezur, com 42,06 km² de área e 927 habitantes (2001). Densidade: 22,0 hab/km². Foi elevada a vila em 12 de Julho de 2001. Neste ano de 2008 recebe as gravações de Morangos com Açúcar – Férias de Verão V, facto que a tornará mais visitada pela população mais jovem.
A vila situa-se junto à Ribeira de Seixe, no limite com o concelho de Odemira e o Baixo Alentejo, dentro da área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Fomos invadidos pela liberdade e beleza das praias da Costa Vicentina com o objectivo à vista: Sagres.
OITAVA ETAPA

Última etapa, destino Ponta de Sagres.

Sagres é a vila mais ocidental da Europa continental, situada no sudoeste de Portugal, na região do Algarve (Distrito de Faro, Concelho de Vila do Bispo). Dista 30 km de Lagos, a cidade mais próxima. É uma freguesia portuguesa do concelho de Vila do Bispo, com 34,28 km² de área e 1939 habitantes (2001). Densidade: 56,6 hab/km². Famosa pela escola náutica que o Infante D. Henrique lá instalou no século XV. A freguesia foi criada em 1519, por desmembramento de Vila do Bispo. Até 1834, Sagres constituiu concelho independente. Tinha, em 1801, 413 habitantes.
Sagres e o Cabo de S. Vicente – o Promontorium Sacrum dos Antigos – eram lugares de antiga e intensa sacralidade, demonstrado pelo grande número de menires neolíticos existentes. Há também relatos antigos de cerimónias religiosas e de proibição da presença de pessoas no local durante a noite, por ser frequentado por deuses. Mas Sagres entra definitivamente na História e na Lenda do Mundo Antigo quando, a partir do III Milénio a.C., os marinheiros do Mediterrâneo transformam em mercadoria os produtos do então extremo Ocidente. Em Sagres estava o último porto de abrigo que a navegação oriunda do Levante podia escalar, antes de se aventurarem à passagem do Cabo de S. Vicente. Em 779, seguindo a tradição de religiosidade destas paragens, os restos mortais de S. Vicente, o mártir de Saragoça, foram deslocados de Valência para o Promontorium Sacrum, término da viagem do Oriente para o Ocidente, onde ficam depositados na Igreja do Corvo.
Três séculos mais tarde, na idade média, o Infante D. Henrique fundou uma vila e fortaleza (a Vila do Infante) na ponta de Sagres, para dar apoio à navegação e à pesca. Mas ao contrário do que se julga, este sítio não teve uma relação directa com os descobrimentos. A famosa escola náutica do Infante de Sagres parece ter sido mais um mito do que uma realidade, mas o seu rumor ainda assim percorreu muitos cantos do mundo.
Nesta zona, a costa algarvia tem dois grandes patrimónios: o Cabo de São Vicente (Pontal dos Corvos e o Pontal gordo) e o de Sagres (Pontal da Atalaia e o Pontal da Baleeira). Entre a ponta de Sagres e a ponta da Atalaia forma-se a enseada de Sagres, enseada esta que protegeu durante largos séculos os navios dos ventos, que aí se mantinham à espera condições favoráveis para a navegação. É um paraíso natural, de grande importância estratégica e histórica, tendo constituído um ponto de referência essencial na geografia europeia. É neste cenário onde a história ganha vida, que botânicos e observadores de aves observam a fauna e a flora únicas deste local. É uma localidade que seduz os seus visitantes, devido à diversificação de sugestivos cenários, onde se confunde o agreste, o suave, o belo e o selvagem, como se tratasse de um território acabado de descobrir, todo ele esculpido pelos ventos e pelas ondas do Atlântico, convidando à sua exploração. É uma zona apaixonante de Portugal devido às suas cores mágicas, o verde dos jardins, o azul do mar, o branco das casas e o vermelho do sol. É uma região de grande afluência turística em especial durante a época balnear, mas apreciada pelos seus fiéis amantes durante todo o ano.

O litoral sudoeste entre a foz do rio Mira e a ponta de Sagres caracterizou-se historicamente pela escassez da ocupação humana, não obstante ter sido percorrido por populações desde a Pré-história, que retirariam do mar a sua subsistência. Rochosa e escarpada, carente de bons portos e de terrenos agrícolas, esta faixa costeira não deu origem a qualquer povoação de dimensão significativa. A pesca empresarial desenvolveu-se, especialmente na parte algarvia do Sudoeste, através de armações de pesca, chamadas almadravas, colocadas em sítios propícios da costa, como em Arrifana e na zona de S. Vicente/Sagres. Nesses locais foram, ao longo dos séculos XVI a XVIII, erguidas fortificações para proteger pescadores e artes da acção dos piratas magrebinos.
As características sócio-económicas e culturais deste território não diferem muito da grande maioria das regiões mais a interior do nosso país. Estas têm geralmente em comum o facto de se tratarem de zonas agrícolas, com uma paisagem rural bem preservada, fracas acessibilidades, com tradições e uma cultura bem preservadas, mas como contrapartida, com uma população envelhecida, fracas habilitações, reduzida iniciativa empresarial, desemprego e estruturas sócio-culturais insuficientes.
A elevadíssima qualidade ambiental da costa sudoeste, suas praias selvagens e caminhos rurais promovem o turismo, mas ainda de modo muito sazonal, criando pressões para mecanismos de acolhimento que estão muito longe de um modelo de desenvolvimento sustentado.
Hoje em dia os pescadores do Sudoeste fazem-se ao mar em pequenos barcos de quatro, seis metros de comprimento, com motores fora-de-bordo e alguns instrumentos de orientação e sonda. Costumam formar campanhas de dois elementos e levam ao mar artes de pesca tradicionais como os covos, o aparelho de anzol ou a rede de emalhar. Trazem desde o Polvo à Lagosta, passando pela característica Moreia e pelo Sargo fazendo desta costa um dos locais de eleição dos apreciadores de bom peixe e marisco. O Litoral do Sudoeste identifica-se, hoje, com uma agricultura intensiva, exportadora e com enormes necessidades em inputs técnicos e tecnológicos. A agricultura praticada no interior é caracteristicamente familiar e tradicional, onde as práticas culturais e maneios pecuários ainda obedecem a saberes próprios de comunidades de subsistência.

A Gastronomia do Sudoeste, embora semelhante à restante região, é variada e riquíssima. Junto à costa é essencialmente à base de peixe fresco e de marisco, sendo de destacar o sargo, dourada, besugo, pescada, linguado entre outras e o famoso perceve. São típicos a generosa caldeirada, o famoso arroz de polvo, ou berbigão, a sopa de peixe ou de arjamolho, a feijoada de búzios ou a até a carne de porco estufada. Na doçaria imperam a massa de amêndoa moída, os regionais D. Rodrigos e os morgados de amêndoa com gila ou figo. O digestivo típico é o figo recheado com amêndoa, que se bebe com a famosa a aguardente de medronho ou figo.
A madeira, o esparto, a palma, a cerâmica, rendas e bordados, assim como a doçaria regional, são exemplos da actividade artesanal que ainda se pode encontrar no concelho de Vila do Bispo. O processo tradicional da lã, do tratamento à fiação, continua vivo e proporciona a confecção de artigos como camisolas, peúgas, barretes ou luvas que a gente do mar usa na sua faina. Estes produtos podem ser encontrados nas festas de Verão e mercados mensais das terras vilabispenses.
Foi neste cenário que o grupo chegou à Ponta de Sagres, envolvidos num sentimento de solidariedade e amizade profundas num empreender de luta permanente num quotidiano de aventura e adversidades, em que o inimigo principal era a fadiga.
Felicitações a todos que deram e estiveram, de uma forma ou de outra, com o seu contributo nesta aventura.

PONTA DE SAGRES

Finalmente, as arrumações finais e a diáspora de toda a logística arreigada ao PPP, presentes e ausentes em geito de comunidade organizada.

Fomos para Albufeira, ver se o descanso regalava a alma.....
O resto, são memórias, momentos de consciência que nos irão acompanhar até sempre........
Venha o próximo PPP em 2010.


RMC
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