quinta-feira, 22 de outubro de 2009

PPP ECOLÓGICO E AMBIENTALISTA: O LOBO IBÉRICO.


PPP ECOLÓGICO E AMBIENTALISTA: O LOBO IBÉRICO.
O Portugal de Ponta a Ponta – P.P.P. – abraça este ano de 2009 uma convicção ambientalista e ecológica que deu cunho à grande aventura levada a cabo entre os dias 24 de Abril e 3 de Maio de 2009: o lobo ibérico.
Disso mesmo já tínhamos dado conta no press release antecedente ao projecto e difundido pela imprensa em Abril de 2009. O “Portugal-de-Ponta-a-Ponta” é uma organização ad hoc de aficionados ambientalistas do motociclismo que realizam encontros há já vários anos. Além das preocupações ambientalistas, o grupo tem preocupações etnológicas, culturais e gastronómicas do nosso Portugal. Difundem as suas preocupações junto das comunidades locais, senibilizando-as para a preservação cultural e para o ambientalismo. Um dos objectivos é a preservação do Canis lupus signatus, vulgarmente conhecido por lobo ibérico e onde apenas 300 espécimes habitam na região norte de Portugal.
A ideia será dar continuidade do projecto, chamando a si novas preocupações e difundindo-as pelos locais de passagem, que podem ir desde a raça asinina de miranda, vulgarmente designada do burro mirandez, até à sensibilização para a necessidade de preservar e manter as espécies de fauna e flora em extinção no arquipélago da Madeira e dos Açores.

Desta feita e continuando com o Canis lupus signatus até final do ano transcrevemos uma notícia da Lusa, de 14 de Outubro de 2009, pela importância que para nós se revela.
Transcrevemos:
“Sul do Douro
Parque eólico ameaça alcateia de lobos ibéricos
O último reduto do lobo ibérico a sul do Douro pode estar ameaçado pela construção de um parque eólico na zona onde vive a alcateia de Leomil, a mais importante e estável desta região do país.
"Pode ser um golpe muito grave para a população de lobos a sul do Douro", alertou um dos investigadores que tem acompanhado esta alcateia nos últimos anos, frisando que "a construção deste parque eólico é um ataque ao seu último reduto".
Em causa está a sobrevivência da alcateia de Leomil, que vive numa zona isolada, tranquila e quase sem acessos, que será radicalmente transformada com a instalação do Parque Eólico do Douro Sul, com 103 aerogeradores.
Segundo os investigadores, a construção deste parque afectará "mais de 60 por cento do território da alcateia", incluindo centros de actividade e o local de reprodução, o que pode colocar em causa a sua sobrevivência.
Esta alcateia, enquanto fonte de animais dispersantes, assume também relevância na manutenção da população de lobos na região, pelo que poderá ser também colocada em causa a sobrevivência de toda a população desta espécie a sul do Douro, que já se encontra "isolada e ameaçada".
O lobo é uma espécie prioritária para a conservação segundo a Directiva Habitats, da União Europeia, além de estar classificado em Portugal como espécie 'em perigo de extinção'.
A legislação nacional proíbe o abate e a captura de lobos, mas também a destruição ou deterioração do seu habitat e a sua perturbação, nomeadamente durante o período de reprodução.
A população de lobos existente a sul do Douro é muito reduzida, apresenta um nível elevado de fragmentação e possui um pequeno efectivo reprodutor, pelo que se caracteriza por uma grande instabilidade populacional.
A mais importante e estável alcateia desta região vive na Serra de Leomil, que, apesar de ser um dos últimos redutos do lobo, não possui qualquer estatuto especial de protecção.
Os investigadores que têm estudado a alcateia de Leomil nos últimos anos confirmaram uma elevada taxa de reprodução, pelo que a consideram como a mais estável de toda a região a sul do Douro.
Os estudos indicam que a alcateia, ao longo de todo o ano, ocupa de forma homogénea e contínua a Serra de Leomil, entre Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva, onde foram identificados dois centros de actividade.
O principal é a 'Ribeira dos Cubos', onde foi confirmada reprodução em Agosto de 2008, sendo considerado o local mais importante para a conservação da alcateia.
A 'Corga do Redondelo' é o centro de actividade secundário, tendo sido local de reprodução em anos anteriores até que um incêndio, em Agosto de 2005, destruiu a vegetação e a zona deixou de ter condições para albergar a alcateia com as suas crias.
Para os investigadores, a protecção destes dois centros de actividade é prioritária, já que se trata de zonas importantes para a preservação do lobo na Serra de Leomil.”
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Associações ambientalistas como a QUERCUS e a FAPAS admitem apresentar queixa contra o governo português na União Europeia, contestando a construção de um parque eólico que pode colocar em causa a sobrevivência da mais importante alcateia a sul do Douro.
Dizem que:
"Somos favoráveis às energias renováveis, mas não a qualquer custo", afirmou Samuel Infante, da QUERCUS, frisando que as medidas de minimização do impacto do parque eólico que foram propostas "não são suficientes" para proteger os lobos da alcateia de Leomil.
Nesse sentido, alertou que "a alcateia vai ser afectada" com a construção do Parque Eólico do Douro Sul, na Serra de Leomil, que prevê a instalação de 103 aerogeradores.
Por seu lado, Miguel Dantas da Gama, do FAPAS, admitiu que a situação "é preocupante", frisando que "a importância da energia eólica não pode ser argumento para instalar parques em todo o lado".
"Estamos a falar de uma zona onde está confirmada a presença do lobo, de uma zona muito importante para a sua preservação", afirmou.
A importância desta alcateia levou o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) a emitir um parecer contra a construção do parque eólico na Serra de Leomil.
O parecer admite que a construção deste parque eólico pode iniciar de "forma irreversível" o processo de extinção do lobo ibérico a sul do Douro, salientando o "papel determinante" que a alcateia de Leomil desempenha na sobrevivência do lobo naquela região.
Na sequência do processo, a Secretaria de Estado do Ambiente pediu um parecer científico, que também foi contrário à instalação do parque eólico.
A 6 de Outubro, em sentido contrário ao parecer do ICNB, a Secretaria de Estado do Ambiente decidiu autorizar a construção do parque, ainda que com alguns condicionamentos, nomeadamente a criação de zonas de exclusão nos centros de actividade da alcateia.
Os condicionalismos impostos vão implicar uma redução substancial do projecto, mas os especialistas receiam que o impacto negativo sobre a população da alcateia ainda coloque em risco a sua sobrevivência.
A alcateia de Leomil, cujos centros de actividade e locais de reprodução estão identificados pelos investigadores, é considerada um dos grupos reprodutores mais estáveis e importantes para a viabilidade da população de lobos a sul do Douro.
Por esse facto, em 2002, o Grupo Lobo propôs que esta zona do país fosse declarada como Sítio Rede Natura 2000, o que não se veio a concretizar.
".

Deixamos aqui o nosso alerta e preocupação para todos aqueles que estão em contacto com as nossas ideias e o com o projecto.
by RMC
Reservados os direitos de autor.

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