segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SANTA JOANA - SANTA COMBA DÃO

Santa Comba Dão
Sábado, 28 de Janeiro de 2012.
Dois elementos do nosso grupo, que têm dado alguma perioridade à manutenção do corpo e das máquinas, realizaram no passado dia 29 de Janeiro uma saída all road a Santa Comba Dão.
O trajecto foi feito maioritariamente Easy Off Road.
A partida começou em Santa Joana, Aveiro, passagem por Águeda, seguindo depois off road até proximo de Mortágua, projectou-se então a ponta final do trajecto com vista a Santa Comba Dão.
A navegação, não obstante o homework realizado no googlehearth, foi realizada principalmente por bússula electrònica.
Não se verificaram incidentes nem acidentes.
O percurso Of Road é simples e aconselhavel aos debutantes.
A paisagem, por entre pinheiros e eucaliptos, desenha-se agradável pela sua cor verde exuberante e plena de odores do bosque quase primaveris. De quando em vez uma clareia no alto deixava vislumbrar a Serra da Freita a Norte e o Buçaco do lado Sul.
Um local a reter foi a paragem na barragem da Macieira, situada a meio caminho entre Sernadas e Macieira.
Segiu-se o almoço acomodado pelo nectar da Quinta dos Grilos. Faço recomendações a todos.
Ambiente e paisagem paradisíaca, enquadrada pelas águas frescas e cintilantes do rio Dão, ficamos felizes e retemperados.
Seguindo agora para o Vimieiro, procedeu-se à visita das duas casas de um dos maiores estadistas de Portugal. ”António de Oliveira Salazar nasceu em 1889, em Santa Comba Dão, descendente de uma família de pequenos proprietários agrícolas.
A sua educação foi fortemente marcada pelo Catolicismo, chegando mesmo a frequentar um seminário. Mais tarde estudou na Universidade de Coimbra, onde veio a ser docente de Economia Política.
Ainda durante a 1ª República, Salazar iniciou a sua carreira política como deputado católico para o Parlamento Republicano em 1921.
Já em plena Ditadura Militar, Salazar foi nomeado para Ministro das Finanças, cargo que exerceu apenas por quatro dias, devido a não lhe terem sido delegados todos os poderes que exigia. Quando Oscar Carmona chegou a Presidente da República, Salazar regressou à pasta das Finanças, com todas as condições exigidas (supervisionar as despesas de todos os Ministérios do governo).
Apesar da severidade do regime que impôs, publicou em 14 de Maio de 1928 a Reforma Orçamental, contribuindo para que o ano económico de 1928-1929 registasse um saldo positivo, o que lhe granjeou prestígio.
O sucesso obtido na pasta das Finanças tornou-o, em 1932, chefe de governo. Em 1933, com a aprovação da nova Constituição, formou-se o Estado Novo, um regime autoritário semelhante ao fascismo de Benito Mussolini.
As graves perturbações verificadas nos anos 20 e 30 nos países da Europa Ocidental levaram Salazar a adoptar severas medidas repressivas contra os que ousavam discordar da orientação do Estado Novo.
Ao nível das relações internacionais, conseguiu assegurar a neutralidade de Portugal na Guerra Civil de Espanha e na II Guerra Mundial.
O declínio do império salazarista acelerou-se a partir de 1961, a par do surto de emigração e de um crescimento capitalista de díficil controlo.
É afastado do governo em 1968 por motivo de doença, sendo substituído por Marcello Caetano.
Acabaria por falecer em Lisboa, a 27 de Julho de 1970.
O seu pensamento encontra-se compilado nos "Discursos e Notas Políticas (1935 - 1967)". (Fonte CITI.)

A casa do estadista encontra-se em ruina profunda como se pode ver.
No logradouro posterior também a viatura denota um estado de deterioração intenso.
A este propósito, não seria capaz de fazer um comentário tão autorizado e oportuno do que aquele que passo a transcrever, por não ser da minha autoria e datado de 14 de Junho de 2011.

“Portugal é useiro e vezeiro nisto. É como se nunca tivesse existido a biblioteca de Alexandria, nem o Ceaucescu, nem o Lenine, nem a ponte de Hintze Ribeiro, nem a bomba de Hiroshima, nem a guerra colonial.
Porém, como existiram, Portugal veste-se de avestruz e mete a cabeça na areia até ao dia em que achar que as marcas já se apagaram. Quando o diacho da casa no Vimieiro vier abaixo, Portugal tira a cabeça da areia e descobre então que já não consegue endireitar a coluna vertebral como antes. E descobre outra coisa: afinal, a História continua a existir.”

Simples mas elegantemente e mordaz quanto baste, acrescido de um condimento rico e soculento de verdade. Felicito o autor.
Quanto à “ruína” veja-se:
Saliente-se, porém, que de tudo que se ofereceu constatar ressurge um apontamento em placa de pedra que denota uma verdade, isto tanto quato dita a história. Simpatizantes ou não, crentes ou não, seguidores ou não, vergonhosos ou não, queiramos ou não, a história de Portugal é aquela que existe, que resultou de factos pretéritos concretou e objectivos.
E aqui nasceu em ......
“O essencial do seu pensamento é este”, explica Marcelo Rebelo de Sousa: “A ideia do equilíbrio económico-financeiro e da autoridade que deve controlar a liberdade. A ideia de um Portugal projectado no mundo através de um império, e não integrado na Europa. A ideia de um país que vivesse de forma comedida, sem excessos de riqueza, luxo ou ambição. Portanto, governou Portugal à sua medida.”
Com a sua morte, morre um regime que viveu da sua imagem. Mais de 40 anos passados, a polémica ainda está instalada: foi o salvador da pátria ou um ditador? “Como os fenómenos culturais são lentos a mudar, há uma certa inércia que fica na cabeça das pessoas. Essa inércia diz o seguinte: foi um tempo em que não havia democracia, nem liberdade, mas havia estabilidade, autoridade e um viver modestamente, mas em equilíbrio económico e financeiro”, explica Marcelo Rebelo de Sousa. “E essa ideia que ficou tem o seu lastro que, de quando em vez, vem ao de cima, porque 40 anos são muito na história de um povo.”

Depois deste cenáro dantesco, aparelhamos as “burras” de albarda janota, apertamos as selas e demos-lhe ordem de caminho com vista ao regresso a casa. Ainda que perdidos por montes e vales, - é que por vezes a agulha da bússula do GPS de algumas pessoas pára de funcionar – regressamos à cidade de Águeda.
Já a caminho para Aveiro fomos retemperar as forças na Pateira de Fermentelos do lado de Óis da Ribeira.
O por do sol no seu apogeu colorido apelava ao deslumbramento de uma Tagus em passeio pela faringe, esófago e estomago. Coisa igual ... um verdadeiro delírio colorido com rega a baixa pressão.

Esperemos pela próxima.
Abraço a todos e um obrigado ao PM.

RMC

Captação e edição fotográfica by RMC
Texto by RMC PM.
made by RMC ™ © - RMC is a TrademarK and Copyright.

1 comentário:

paulita mulher metálica disse...

É pá, deste vosso periplo pelas estradas de Portugal esperava mais acção no terreno e menos reacção. Fiquei muito admirada/desiludida pelas palavras saudosistas do nosso motoqueiro RMC sobre o Salazar. Mas o que interessa é que a viagem correu bem, com belos aromas, boa comida e sem precalços. Continuação de boas viagens!